Arnobio Rocha Filmes&Músicas Bourne e o Novo Estado

609: Bourne e o Novo Estado

 

Jason Bourne e o Novo Estado

Estes dias serão inteiros de expectativas sobre as eleições, principalmente aqui em São Paulo, berço da polarização política do Brasil dos últimos 18 anos. Quase impossível escapar ileso sem entrar no tema, por mais que nos afastemos dele, sem participar ativamente da campanha. Declarei, desde antes, meu voto no candidato do PT, o Ex-Ministro da Educação do Governo Lula e de Dilma, com a certeza de que São Paulo precisa de uma grande mudança depois de 8 anos de Serra/Kassab. Fiquemos por aqui.

 

Devido a série sobre a Crise, que denomino de Crise 2.0, tenho dedicado meu pouco tempo a ler e estudar, principalmente economia e política internacional, para produzir os textos do tema. A tarefa é árdua, há uma mundança de paradigma no Estado, que é a parte mais visível do sistema. Para chegar a determinadas formulações tem sido no cinema, que tenho aprendido as melhores lições de mutação do Estado, a aparente ficção embute um novo conceito de Estado. Como escrevi recentemente um apanhado mais completo expresso no artigo Crise 2.0: O Novo Estado.

 

Estes dias revi os filmes da série Bourne ( Identidade, Supremacia e Ultimato), pois recentemente vi no cinema o excelente filme paralelo à trama de Bourne, que resenhei no post  O Legado Bourne, Estado Repressão , lá fiz uma observação final, que dizia assim: A relação “política” do filme não é nada sutil, o que em parte é muito positiva, pois desnuda o Estado, o modelo atual, que os ideólogos teimam em tornar permanente, mas os conflitos humanos, sociais batem de frente, pode ser, apenas, em mais um agente fora do controle ou na teimosia de não se submeter aos seus controles.

 

Agora revendo os originais do Bourne, me dei conta de como, filme a filme, a trama vai se moldando à realidade dos EUA, uma entrevista do diretor do filme, Doug Liman,  no DVD de Identidade Bourne, ele diz que o filme estava pronto em agosto de 2001, que estavam preparando a fase de teste de aceitação do filme, que consiste em chamar grupos para opinar sobre cenas e efeitos, nele tinha algumas cenas com explosões de prédios, quando aconteceu o 11 de Setembro eles tiveram que refilmar algumas destas cenas. O que se percebe é uma atenuação inicial do filme 1, para os demais.

 

As sequências já demonstram características bem mais clara do Novo Estado, o controle geral das comunicações mundiais, em que uma palavra chave, aciona a várias agências de “defesa” dos EUA, o que para muitos parece mera ficção, infelizmente não é. O roteiro do primeiro e do segundo filme é muito voltado para repressão interna, tendo pano de fundo um projeto secreto de super agentes da CIA, que acaba dando errado por um erro elementar, Bourne falha na sua missão, fica descontrolado quando perde a memória(até isto fazia parte do programa). O que se percebe é que o foco são relações internas da agência, as vítimas são do “sistema”.

 

No terceiro filme, as mãos livres, do Estado Gotham City, faz com que a ação(mortes) não se restrinja aos membros descontrolados das agências, mas qualquer um que possa representar riscos a ela, como o caso do jornalista do The Gardian, há uma mudança de qualidade, neste aspecto, no modelo de Estado, de como ele passa a agir, os programas secretos estão fora de controle de qualquer ente público eleito, a burocracia interna e perene, do modelo de agências, passa a não mais prestar contas, a não ser a ideologia, repressiva, que domina o novo Estado.

 

Os três filmes não estão sob a influência da grande Crise que atinge o coração do sistema, que afeta não apenas a Economia, mas aprofunda o modelo de Estado, no filme Legado Bourne, se percebe que a Burocracia continua agir por si, mas enfrenta restrições orçamentárias, parece, querer apagar os erros mais grosseiros, se possível culpar alguém. Aguardo ansiosamente o Novo Bourne, pois a roupagem já vem com os efeitos pós-crise, o que nos ajudará a entender como ela se processa, com os cortes nos orçamentos amplos de defesa, menos no orçamento de inteligência e de repressão.

 

A conferir!

 

The Bourne Ultimatum – Soundtrack

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=MyAZQZ-F7j4[/youtube]

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