Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: A punição aos trabalhadores

406: Crise 2.0: A punição aos trabalhadores

 

Desemprego, miséria e desespero em Atenas - Foto REUTERS/Panayiotis Tzamaros

 

Ano passado escrevi aqui na série Crise 2.0, a cronologia da Crise , Crise 2.0: Cronologia do Crime, que era uma forma de jogar no tempo passo a passo do que parece ser a maior e mais devastadora crise do Capital, desde 1929, mas com requintes de crueldade maior, pois há uma integração maior da economias e os efeitos são sentidos em todo o mundo. Como em toda crise de Superprodução de Capital, a queima de forças produtivas é condição essencial para que um novo ciclo se abra, então, os trabalhadores, são jogados na rua pelo desemprego e piora geral das suas condições de reprodução.

 

Os números do desemprego na economias centrais demonstram bem este fenômeno, nos EUA a taxa de sempre desemprego era de 4,9%, quando a crise explodiu, em 2005, ao contrário do que se supõe, ela se deu antes, 2008 é apenas a parte visível do processo, no ápice da queima de capitais ela subiu para 9,1%, os salários foram achatados em 25%.. A outra parte da queima de  forças produtiva se expressou no mercado imobiliário que teve seu pico em 2005 e uma longa queda de 33% do valor em 2011. O PIB americano, descontada inflação passou 6 anos sem crescer, só voltando levemente ao crescimento em 2011. Os preços estavam menores em 2011 do que em 2005.

 

Na Europa, efetivamente o pico de Superprodução se deu em 2007, o que coincidiu com a explosão dos EUA, mesmo sendo anterior a crise efetiva. Por volta de 2008 o desequilíbrio das balanças de pagamentos na Zona do Euro, levou a um grande deficit fiscal dos países com menor produtividade ou pouca industrialização, começando uma queda lenta e acentuada dos que se convencionou chamar de PIIGS( Portugal, Italia, Irlanda, Grécia e eSpanha). A taxa de desemprego começa a aumentar na zonado Euro saindo de 6,5 e atingindo agora em Abril de 2012 11%. Nestes países do PIIGS, não por acaso as taxas de desemprego são explosivas.

 

Apenas no último ano, apenas na Zona do Euro, houve um acréscimo de 1,8 milhões de desempregados, totalizando 17,4 milhões. Desde o início dos planos de austeridade na Grécia, Espanha e Portugal houve um acréscimo, em cada um deles de  10% em suas taxas de desemprego, por exemplo a Espanha passou de 22 para 24,3%, a Grécia de de 17 para 21,7%, Portugal de 12 % para 15,2%. Ou seja, a recessão somada ao plano de Austeridade apenas pioraram as condições dos trabalhadores.

 

O portal EuroNews numa reportagem sobre a miséria que cresce assustadoramente, e pode se tornar crise humanitária:

“Estamos no bairro de Perama, perto do porto do Pireu, em Atenas. Aqui, o desemprego atinge três em cada cinco habitantes. Este centro dos Médicos do Mundo foi criado para a população imigrante, mas hoje é usado sobretudo por gregos. Os profissionais de saúde alertam para problemas de falta de cuidados médicos e malnutrição: “Em breve, vamos precisar de outras organizações, porque estamos a viver uma crise humanitária, uma verdadeira crise humanitária”, explica o diretor do centro, Nikitas Kanakis.

O centro foi criado há dois anos. A médica Liana Malli é testemunha da mudança do tipo de utentes. Antes, quase exclusivamente imigrantes legais ou ilegais, hoje 80% de gregos, muitas vezes sem seguro de saúde e sem dinheiro para as coisas mais básicas. Um cenário que os Médicos do Mundo estavam habituados a ver só no Terceiro Mundo: “Há pessoas a quem dizemos que as crianças têm de ir para o hospital, porque não as podemos tratar aqui, e respondem-nos que não têm dinheiro para o autocarro, ou seja, um euro e 40”, diz a médica”.( EuroNews, 30/03/2012)

 

É preciso entender a lógica do Capital para compreender a dinâmica da Crise, até a nomeclatura das categorias econômicas são expostas nos jornais, cabe a nós organizarmos nossos pensamentos e teorias, para melhor responder aos desafios apresentados. Até agora a resposta dada à estas políticas foi a derrota eleitoral em todos os países que houve eleições, precisamos mais, pois a resposta não parece resolver, a luta está aberta.

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