Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O Pós-Sarkozy

353: Crise 2.0: O Pós-Sarkozy

François Hollande - Foto Reuters

 

Os personagens da fauna política se renovam, em particular na Europa, neste menos de um ano que acompanho com mais rigor a Crise 2.0, vários deles sumiram de cena,  alguns proeminentes, como : Berlusconi, Gordon Brown, Zapatero e agora sairá do palco, Sarkozy. Os últimos posts desta série foram dedicados à França, que fez, até agora, a mais importante eleição e mudança no quadro político europeu. Ontem, saudamos o novo Presidente francês  ( Crise 2.0: A nova França, agora vamos começar a discutir o pós-Sarkozy.

 

Desde o artigo Crise 2.0: A Guilhotina e os mais dedicados as eleições :Crise 2.0: FrançaCrise 2.0: Caminhos para França. Além deles no Crise 2.0: Austeridade(As Fúrias), também, estamos alertando que uma nova onda de mudanças percorre a Europa, que põe, objetivamente, em xeque não só a liderança da Alemanha, mas mais ainda, os famigerados planos de austeridades. Todos os partidos e/ou candidatos identificados com eles foram derrotados, nenhum governo que executa os planos da Troika, ficaram de pé nas urnas. O próximo a cair será o tecnocrata da Itália. Os próprios liberais reconhecem o fracasso destas políticas, mas insistem que não há outra saída.

 

Celso Ming expôs claramente os porquês da derrota de Sarkozy:  “Nesta administração, quando dois franceses ocupavam os postos-chave do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), Sarkozy bem que tentou tirar proveito dessa proeminência. Mas não conseguiu. Nem o BCE se dispôs (a não ser parcimoniosamente) a emitir moeda para financiar os Estados (especialmente o francês) nem o FMI concordou em mudar suas regras rígidas para distribuir suas linhas de financiamento. Um dos principais motivos pelos quais Sarkozy pode perder a oportunidade de se reeleger é seu excessivo engajamento com as posições da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Não é à toa que a dupla passou a ser chamada Merkozy”. (Estadão 05/05/2012)

 

Agora Hollande terá um desafio enorme, provar que há outro caminho, que não apenas a dura austeridade alemã, ele parece ciente disto, no seu discurso na praça da Bastilha, foi bem claro: “A reorientação da Europa para o emprego, para o crescimento, para o futuro. E, no momento em que o resultado é proclamado, tenho a certeza que em muitos países europeus, isto foi um alívio, uma esperança. A ideia que, enfim, a austeridade não pode ser uma fatalidade é a minha missão a partir de agora, ou seja, dar à construção europeia uma dimensão de crescimento, emprego, prosperidade. O sonho do futuro. E isso é o que vou dizer, o mais depressa possível, aos nossos parceiros europeus e, em primeiro, à Alemanha”.

 

O novo Presidente disse as palavras chaves do que representa sua vitória: Alívio e Esperança. O Site EuroNews concorda com as palavras de Hollande e acrescente : “um novo presidente terá muito mais margem de manobra que um antigo presidente. “Claramente o que François Hollande pretende fazer é utilizar o seu mandato para colocar a Alemanha sob pressão e levá-la a orientar a sua agenda para a zona euro através de uma política de crescimento e não apenas de austeridade”. ( 06/05/2012)

 

A agenda pode não mudar imediatamente, mas, o caminho parece que será este, a repercussão na Alemanha já era medida pelas palavras de seus dirigentes, que ao contrário, dos outros governos eleitos, em que exigiam mais austeridade, como fizeram, por exemplo, com Rajoy. As palavras dirigidas ao presidente eleito, François Hollande,  são de cautela e o pedido é de continuar junto com o esforço da Alemanha, nada lembrando as ameaças a qualquer rebeldia dos outros eleitos.

 

Segundo o Estadão : “A Alemanha sugeriu neste domingo ao novo presidente da França, François Hollande, que abandone sua oposição à opção da chanceler Angela Merkel para acabar com a crise de dívida soberana da zona do euro, encorajando-o, ao mesmo tempo, a participar de uma ampla discussão sobre como impulsionar a economia da região e criar empregos. Martin Schulz, do Partido Social Democrata, de oposição, e presidente do Parlamento Europeu, disse em entrevista à Dow Jones que Merkel reconheceu a necessidade de centrar foco no crescimento e nos investimentos durante o próximo encontro europeu de junho.

“Está totalmente claro que com um presidente socialista na França haverá um ajuste na política da União Europeia”, disse Schulz. “Acredito que os temores de que isso irá levar a um conflito entre a Alemanha e a França não são verdadeiros. Um compromisso entre a França e a Alemanha ocorrerá”, afirmou Schulz. “Conversar sobre crescimento não é um repúdio das demandas de Merkel pela disciplina orçamentária”, acrescentou”.(Estadão, 07/05/2012)

 

Apenas para comparar quando Rajoy foi eleito na Espanha, a Alemanha lhe deu um prazo de quinze dias para mostrar qual seu plano de austeridade que iria seguir, uma desmoralização, o próprio Rajoy foi entrevistar-se com Sarkozy, o ajudante-de-ordens de Merkel. Agora já percebemos uma outra postura, uma certa cautela. A própria Merkel nos seus parabéns já sinaliza que pretende trabalhar juntos, sabendo que não será a mesma coisa com seu antecessor. A França pode reconduzir a Europa para outro caminho, diferente da simples imposição de Austeridade.

 

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