344: Dos Limites

 

 

Limites da árvores - Imagem google

 

“Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê”  (Ouro de Tolo – Raul Seixas)

 

Ora, não nos enganemos, nem todo dia precisamos nos mostrar mais fortes do que realmente somos, esta necessidade é uma imposição de uma sociedade que massacra o indivíduo, que, ao menor sinal de fraqueza, é engolido pela engrenagem cruel e perversa. As relações, quer nas empresas, de amizade, até mesmo familiares, são regidas por regras de aparências, que cobram alto de cada um, em particular, na questão de fortaleza, de que sejamos inquebrantáveis.

 

Outro dia li uma frase, no twitter, mais ou menos assim: “Difícil demais acordar e demonstrar força”. Parece-me que sintetiza bem a cobrança que recebemos, aceitamos como “normal”, que assim seja. Descobri, mais recentemente, que nem todos os dias acordo para ser forte, ou mais forte, isto já não me atinge, tem dias que nascem para que exerça minha fraqueza, minha mediocridade, não sou bom em tudo, nem devo ser. Tenho que ser apenas Humano, com qualidades e defeitos, inerentes a nossa condição de existência, do meio que vivemos e de nossos limites.

 

Por mais paradoxal que seja, viver no limite, nos ajuda a ver coisas e processos da vida, que parecem absolutamente normais e corriqueiros, mas no fundo são cruéis e desprezíveis, pois joga nossa existência apenas como peça da engrenagem, jamais analisado no contexto uno, da sua justa individualidade, que some diante do todo. Os mecanismo de controle social, ajustamento de comportamento, padronização é a marca de uma sociedade sem personalidade, que piora, sensivelmente, em grandes cidades. Forja cada um, para ser um nada, eventualmente, alguma coisa.

 

A despersonalização é o meio eficaz de “proibir” ou negar uma identidade, a não ser aquela já pronta e acabada, que não permite sair dos , cada vez mais, estreitos limites permitidos. Teimo muito contra isto, não posso aceitar o duro metron a nós imposto, somos e podemos ser maiores e melhores, não por imposição de ter algo, mas ser alguém, fora dos padrões impostos, dos arquétipos socialmente tolerados. Romper com esta lógica é minha marca, mas sempre dando o direito de ser forte/fraco, feliz/infeliz, sendo sempre, gente.

 

Os fatores limitantes são gerais, do sistema de capitalista vigente, mas são particulares, nos meios ou micro-cosmos que habitamos e convivemos. O método geral é determinado de cima, ideologicamente convencionado, mas exercido, mesmo que  inconscientemente, nos grupos mais avançados, como partidos, sindicatos, associações, blogues. As imposições materiais, te limitam até onde se pode ir, as ideológicas de aprisionam de forma a aceitar tais limites. Duro ver que, assim nos movemos até entre iguais, imagine nos diferentes.

 

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