Arnobio Rocha Tecnologia Música: do LP ao MP3

297: Música: do LP ao MP3

 

 

Às vezes tenho umas visões do passado, em geral, que iluminam o presente. Desde de ontem quando recebi a indicação da música da Edith Piaf, o post ( Piaf e Floripa veio à cabeça, quase que frase a frase, pois ouvir, e lembrar dela, é um prazer enorme e um deleite para alma. Mas depois que escrevi o texto,  senti que faltou falar de algo muito importante: Como ouvia música naquela época?

 

Bem, vamos voltar ao tempo em que ter  “toca-fitas” nos carros era uma raridade, lembro daquelas adaptações para colocar um destes aparelho num carros, que, em regra, não tinha qualquer preparação para recebê-los. Aí era uma massaroca de fios, ligado às caixas de som, com Twitter(olha com ele é antigo). O som cheio de distorção, aliado ao barulho do motor, se tornava abafado e ruim, mas dava maior bossa, se você tinha um carro com “toca-fita” e, se fosse o “cara preta” então, era sucesso absoluto.

 

 

Claro que havia o processo artesanal de  gravar de um disco( Long Play – LP) para uma Fita K7, dava muito trabalho, mas se um na sua casa tivesse som com toca-disco e gravador/toca-fita, facilitava a árdua tarefa. Metodicamente se passava os álbuns para fitas, que seria ouvidas até enrolar e quebrar nos vários toca-fitas da vida. Vocês pensam que era fácil?não, não era, mas garanto que era muito divertido. Imaginem o último hit era ter um “Som, três em Um”, aí você ouvia os LPs, gravava as fitas K7s, era um sonho.

 

 

Depois a coisa mais legal inventada foi o Walkman, aquilo foi uma revolução, ter um era sinônimo de status, acreditem, não estou exagerando. Lembro quando mudei para São Paulo, em 1989, havia muitos modelos de Walkman e o preço já não era tão absurdo, comprei um na “Galeria Pajé”, claro. O Walkman, não passava de um toca-fitas, alguns tinha como bônus o Rádio AM/FM, um pequeno trambolho que você podia sair com ele por aí, pagando seu mico moderno.

 

 

Foi nestes bichinhos aí de cima, que pude voltar a ouvir meus LPs do Pink Floyd, Supertramp, músicas clássicas e Edith Piaf. Eu mudei para São Paulo, mas vivia viajando, morava em hotel ou alugava apartamento por temporada, então, para onde fosse, levava o meu walkman.  Agora imagine o trabalho que dava, as fitas k7 ocupavam espaço e pesavam bastante. A mochila tinha sempre Walkman, fitas e livros. Ainda hoje guardo em casa dezenas de fitas, minhas filhas nem imaginam o trabalho que deu para gravar ou comprar. As fitas gravavam 30,45,60 e as maravilhosas de 90 minutos, que dava autonomia, mas as pilhas acabavam antes.

 

 

 

Nos anos 90 começou a surgir e popularizar os CD Players, eram caros, e também eram raros os CDs, poucos artistas gravavam em CD, era mais caro e não vendiam tanto. As gravadoras disponibilizavam, em quantidade, CDs de músicas clássicas, óperas, mas raramente de artistas da “moda”. A evolução a seguir foi o Discman, que maravilha que era, grandes, pesados, mas a qualidade do som e os CDs mais leves que as fitas, além de não enroscarem, facilitava demais.  Em 1996, quando morava no Japão ( ver Crônicas do Japão ), comprei meu Discman, cerca de US$ 100, caro, mesmo para o Japão. Virou meu companheiro, ouvir meus CDs, que adquiri nas lojas de lá.

 

 

 

Naquela época, no Japão, começava a se fazer música para celular, e um formato que não existia, nem chegou a vender no Brasil, o MD Player, um precursor dos MP3s. Resolvia uma questão básica, no caso, o espaço exíguo dos apartamentos no Japão, não permite que se acumule CDs em casa. Em muitos casos, inclusive, eles ouviam o CD, gravavam no PC e voltavam para trocar nas lojas. Tinha lojas de CDs usados, praticamente novos. Além do que, a J-pop, vivia de lançamentos de singles, cantores lançavam um hit, era preciso ter meio de divulgar sem se prender ao formato ( LP-Fita K7-CD), a digitalização para celulares-tocador de MP3, foi uma excelente saída.

 

 

O MD Player, na prática, funcionava de modo análogo aos antigos toca-fitas, você podia gravar do CD as melhores músicas e sair por aí ouvindo. Formato compacto, as pequenas fitas de MDs, era fáceis de carregar. Porém, a revolução dos sistemas celulares, matou a tecnologia, que praticamente só ficou no Japão. Os celulares com facilidade de tocar música digital, os downloads e adaptações das músicas, foi um marco. Boa parte desta geração Facebook/Twitter, não conhece este longo e divertido caminho. A cultura de MP3, facilitou a vida demais, acumulando centenas, milhares de músicas, vídeos em pequenos devices, simples de carregar, hoje basicamente concentrados nos aparelhos Celulares.

 

 

 

 

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0 thoughts on “297: Música: do LP ao MP3”

  1. Sobrinha da ex tinha uns seis anos e foi lá em casa. Eu estava ouvindo meus discos de rock e ela, vendo os LPs, exclamou: “Puxa, tio, que cedezão…”.

  2. Não há quem me convença que o som de um vinil importado numa pickup Garrard com agulha de diamante Sure seja inferior aos CDs. Já ouvi de um engenheiro a explicação do porque. E o meu ouvido estava certo. Não era uma simples questão de gosto. E os amplificadores de guitarra Marshall ou Fender antigos e valvulados, quem ouviu ouviu quem não ouviu não ouve mais. Nada contra tecnologia mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. E temos que ter cuidado com as necessidade mercadológicas do novo e do consumo inveterado. Valeu Arnobio, um abraço.

  3. e a fita do ze ribeiro que teu pai ia ao maranhao e voltava ouvindo a mesma fita e o toca fita era um tkr cara preta e a musica preferida era a beleza da rosa lembra, um cherao

  4. Sempre tive trabalhos relacionados à som e música. Então, nem tanto por luxo, sempre tive esses brinquedos quase quando saiam, walkman em 82 (tá, aí eu ainda não trabalhava) discman em 88, quando quase ninguém sabia o que era CD e eu tinha que gastar uma fortuna em CDs importados, em 92 comprei um DAT, um formato profissional, com qualidade de CD (44.1 kHz) ou maior (48 kHz). Quando precisava de MD, alugava ou pegava emprestado. Desses brinquedos, o mais legal era o Akai de rolo do meu padrasto, onde eu montava altas festas Disco. Toca discos tive vários, desde um Philips maletinha vermelho e branco até meu atual garrard Beltrão drive. Mas o fato é que foi o MP3 que me permitiu ter uma biblioteca de mais de vinte e cinco mil músicas de dois mil e duzentos artistas, espalhadas em milhares de álbuns (completos ou não). Dei pro meu filho cerca de 150 vinis, e doei para o bazar da formatura dele cerca de 100 CDs. Hoje tenho as músicas (filmes e fotos também) em um computador de mesa, com backup, e algumas copiadas para meus dispositivos móveis (iPhone e iPad), tenho várias caixas de som espalhadas pela casa, e a biblioteca de músicas acessada via wifi, pelos dispositivos móveis. Tá, a qualidade pode não ser a mesma do vinil e do CD, mas a variedade e acessibilidade compensam. Ps. Antes das fitas cassetes, lembro de um tio que tinha um toca cartuchão no carro, e eles eram montados com loops infinitos, ou seja a fita não parava, chegava no fim e lá vinha o começo de novo.

    1. Aritanã,

      Meu camarada, baita comentário, que enriqueceu enormemente um post “memória”, de coisas que virou relíquia, mas que tanto amamos. Depois vou contar das fitas k7 que a família gravava e mandava para um tio padre exilado em Roma. As fitas iam e voltavam demorando três meses, nos anos 70, era o máximo que se conseguia.

      Muito obrigado,

      Arnobio

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