Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0:Brasil 2011 – Novos embates (Post 156 – 110/2011)

Crise 2.0:Brasil 2011 – Novos embates (Post 156 – 110/2011)

 

similia similibus curantur, os semelhantes curam-se pelos semelhantes

A fase Um da Crise 2.0

No primeiro artigo sobre a Crise 2.0: Brasil em 2008 – Marolinha, mostrei os embates e o cerne da política de enfrentamento da Crise e seus desdobramentos. Neste novo artigo busco ligar os dois momentos e as táticas usados por Lula e Dilma.

Desde a grande crise, em setembro de 2008, o governo Lula apontou que saída seria o investimento pesado do Estado, incentivando o crescimento com desoneração fiscal (IPI, PIS, Cofins), gerando compras corporativas estatais com grandes obras (PAC), apostando que num horizonte de curto prazo a economia mundial voltaria a crescer.

Os resultados todos sabem: em 2009, praticamente tivemos um trimestre de forte retração e logo a seguir um período virtuoso de crescimento que culminou em 2010 com a taxa de 7,5%. Esta dinâmica foi conseguida graças ao grande trabalho do Estado, do governo federal, a ação positiva de Lula de ir a campo e liderar a retomado do crescimento, em desalinho ao que acontecia no mundo.

Porém, em longo prazo, este crescimento isolado do Brasil, este vigoroso movimento, sem o devido acompanhamento externo, não se sustentaria. Ainda em agosto de 2010, sob Lula, teve início um movimento para frear a economia devido ao componente inflacionário, que, em última análise pune os mais pobres. A dinâmica econômica era contida para um crescimento mais moderado que impedisse a volta da inflação, apostando numa retomado do mercado mundial.

Óbvio que Dilma, a grande gestora de todos os grandes programas de crescimento do governo Lula (PAC, Minha Casa, Minha Vida) é sabedora de todos os percalços e da necessidade de se redefinirem as prioridades do crescimento e a adequação do orçamento, que sempre vem “vitaminado” com emendas parlamentares, muitas, fisiológicas.

A Nova fase da Crise 2.0

Quando a fase 2, da Crise 2.0, começou a assolar a Europa, ficou claro quais foram os limites da vitoriosa política econômica implementada por Lula/Dilma no combate da primeira fase dela, em Setembro de 2008. Os instrumentos usados foram os mais adequados e satisfatórios para aquele momento, novos devem ser usados agora.

As medidas tomadas no calor da queda vertiginosa da Zona do Euro foram providenciais: Diminuir a Taxa de Juros, coordenada pelo BC, apostando na queda da inflação e maior incentivo ao consumo interno, com a liberação do compulsório. As duas medidas caminham paralelas para segurar a economia brasileira.

Mais uma vez, a exemplo do que tivemos com as medidas que Lula tomou em 2008, uma enxurrada de artigos e editoriais contra as medidas, principalmente a da queda da taxa de juros, uma questão no mínimo esquizofrênica, pois toda semana os jornais reclamavam que o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, quando o BC agiu, passaram a criticar porque a inflação podia aumentar e, os mesmo de sempre, gritaram que o BC perdera sua autonomia, “seria cômico, se não fosse trágico”.

Os ideólogos do Caos

Numa rápida pesquisa, peguei as declarações destes ideólogos do mercado, logo depois da resolução do BC de baixar pela primeira vez a taxa de juros, no fim de Agosto. Vejamos o que nos diz Mailson da Nóbrega, choramingando contra as medidas:

“O que se vê, na verdade, é subordinação crescente da política monetária aos objetivos do governo. A prioridade passou a ser o crescimento da economia e não o cumprimento da meta para a inflação. O BC perdeu a capacidade de influenciar expectativas, que deixaram de se ancorar em convicções formadas por sua ação e comunicação. A dispersão é enorme e preocupante. A partir do Plano Real, a definição da trajetória da taxa Selic era atribuição do BC. Agora, é cada vez mais território dominado pela presidente da República e pelo ministro da Fazenda. Ambos fala abertamente sobre a taxa de juros, sem receios de minar a credibilidade do BC. Quem agora influencia expectativas é a presidente. Os mercados se posicionam com base em suas opiniões.”

Até o erro de português deixei grifado. Oh que pecado mortal, a Presidenta ou Ministro da fazenda falar sobre juros e economia, onde nós estamos, não é mesmo?

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Pelo mesmo caminho, Míriam Leitão põe em terceiros, sem identificar, como este povo adora o “em off”, seus pensamentos:

“Economistas que fazem análises nos departamentos de bancos e consultorias previam manutenção da taxa, porque era a melhor coisa a se fazer diante do cenário internacional e da pressão da inflação ainda forte no Brasil”,

“Todo mundo quer que os juros caiam, mas o problema é quando isso acontece quando não há condições técnicas e com tudo dizendo o contrário”.

A cidadã todo dia reclamava dos juros altos, quando caem, não há “condições técnicas”, se é assim, por que criticava antes?

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Carlos Alberto Sardenberg foi mais honesto em sua torpe pregação no Jornal da CBN, ele defendeu a ‘importância da convergência de opiniões entre a instituição e o mercado” e acrescentou:

“O sistema de metas de inflação aplicado no Brasil e em mais 150 países com bancos centrais independentes funciona com alguns rituais, e um deles é que deve haver convergência de opiniões entre o Banco Central e o chamado mercado”, afirmou.

como a loucura ideológica não tem fim, Sardenberg arremata:

“A análise de que estamos na iminência de uma crise como a de 2008 só o BC está fazendo, e o Brasil está anunciando recorde no comércio externo”, contestou.

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Como a cegueira política e ideológica dos três não tem limites, para justificar os juros altos, que acham que é sinônimo de autonomia do BC, até renegaram a piora da crise que derrubava a Europa, já em setembro, com o Default Grego e perspectiva, naquela data, do efeito dominó com uma certeza que atingiria (e atingiu) em cheio a Itália.

A crise recrudesce no horizonte o Governo Dilma, assim como Lula o fez, prepara para enfrentar como todos os instrumentos possíveis, mais uma vez a luta ideológica subjacente ao combate à crise se revela em toda sua crueza, o velho ideário neoliberal permanece dominante na mídia, mas o debate agora já é de outra qualidade.

A diferença é entre Dilma e Lula, é este colocou um guizo na fase 1 da crise, chamando-a de marolinha, aqueloutra não criou um bordão, mas tem agido conforme o novo processo aberto por Lula, enfrentando as velhas receitas do “Deus mercado”, aqui pode parecer tímido, mas para o mundo é muita coisa, basta olharmos o que acontece em vários países que nem a democracia é mais respeitada, uma série de tecnocratas, não eleitos, passam a chefiar governos (Itália e Grécia), com único objetivo é executar o desejo do “mercado”.

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0 thoughts on “Crise 2.0:Brasil 2011 – Novos embates (Post 156 – 110/2011)”

  1. Contra fatos não há jornalismo político que se sustente.O afã de nossa mídia em encontrar pelo em casca de ovo é tão grande que acabam renegando fatos claros, como a atual crise européia, para tecer argumentos ridículos contra a área econômica do governo.
    Enquanto isto, mesmo com os juros baixando, a inflação aponta para a meta e os arautos da baboseira política-econômica vão engolindo a saliva do ódio destilado por verem seus esforços em desestabilizar o governo irem por água abaixo.

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