Arnobio Rocha Reflexões A Cama de Procusto

2044: A Cama de Procusto


O real risco de sermos Procusto, ao escrevermos.

“Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar”
(Preciso me encontrar – Cartola)

O grande risco ao escrevermos não é a questão se teremos liberdade para  colocarmos num texto o que pensamos, mas sermos censores de nós mesmos, ou agirmos como Procusto, temos nosso espaço de escrita e nele colocamos pessoas e fatos, ora cortamos pés e cabeças, ora esticamos, para caber numa formatação, que mais nos agrade.

Desde sempre procurei nesse espaço político deixar claro que tenho lado político, tenho formação ideológica, tenho preferências literárias e gostos musicais, além de visão sobre filmes. Ninguém que me leu pode se sentir lesado sobre minhas opiniões, não preciso bancar o “isentão” para atrair leitores ou apoiadores.

Dificilmente você será surpreendido com qualquer concessão sobre o rigor com que escrevo, respeito os fatos, analiso, sob uma ótica e visão de mundo, sendo o mais fiel à realidade, pois acredito que pode sim, se discutir sobre política, futebol, religião ou qualquer tema, o que não significa que temos que concordar com o que está escrito, deixo claro quem sou e o que defendo.

As tentações de Cila e Caríbdes, do canto da sereia do ultraliberalismo, ou de qualquer maneirismo político, para tornar palatável, ou para ganhar audiência, não me atraem, não quer dizer que é ato heroico, estoicismo, ou tendência para pregar no deserto, nada disso, apenas escrevo sobre aquilo que acredito, pouco preocupado se haverá leitura, fica aqui, é público e permanece no ar há 12 anos e meio, vai sobrevivendo.

Há épocas em que tenho mais frequência e vontade para escrever, outras nem tanto, por contingências da vida, mas estou tentando manter a regularidade de um texto por dia, no máximo dois dias de intervalo entre eles, pois escrever é uma coisa que me ajuda a viver, desculpem a sinceridade, vale muito para mim, para minha sanidade geral.

É um prazer escrever, algumas vezes quando releio alguns textos, gosto muito, dá vontade de republicar, outros apenas leio, entendo porque escrevi, não sei os faria de novo, alguns até penso, faltou algo mais, mas todos tiveram minha personalidade, meu ser, se isso é bom ou ruim, não cabe a mim julgar, apenas escrever.

É isso.

Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar

PS: Hoje só queria ouvir Cartola e os velhos sambistas cariocas.

 

https://www.youtube.com/watch?v=WMjOtaB6aDo

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