Arnobio Rocha Política Homenagem às lutadoras: Maria Luíza, Rosa Fonseca, Célia Zanetti e ao Padre Haroldo Coelho

1968: Homenagem às lutadoras: Maria Luíza, Rosa Fonseca, Célia Zanetti e ao Padre Haroldo Coelho


Maria Luíza Fontenele e Rosa Fonseca, duas heroínas do povo cearense.

Num grupo de amigos da Escola Técnica Federal do Ceará, metade dos anos de 1980, de vez em quando testamos nossas memórias afetivas de uma época especial para todos nós, como deve ser especial em outras escolas e outros locais de Fortaleza e do Brasil. O final da Ditadura foi algo marcante, era imperceptível na época pela desconfiança com aquela farsa do congresso, que acabou dando Sarney.

O certo é que naquele espaço geográfico, o quadrilátero formado pela Avenida 13 de maior, entre a Avenida dos Expedicionários e a Rua Marechal Deodoro, ao fundo a Rua Costa Sousa, fizemos muitas coisas extraordinárias, pela nossa pouca idade, a falta de experiência com liberdade e democracia, tudo era descoberta: As lutas políticas e disputas ideológicas, os sonhos com a revolução proletária, os primeiros amores, sexo e sexualidade,

Naquele espaço de tempo tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, a Maria Luiza Fontenele eleita prefeita, em 1985, aliás, escrevi nesse grupo e repito aqui, a minha enorme admiração e respeito por três grandes mulheres, que não eram da minha geração, mas exerceram grande influência sobre todos nós: Maria, Rosa Fonseca e Célia Zanetti, Éramos de correntes políticas distintas, nossos sectarismos, ainda que não impediram de ter o respeito por elas na época e por toda a vida.

Três mulheres que polarizavam a disputa política, Maria e Rosa, publicamente, em eleições e nas lutas sindicais, Célia na organização, comandando um grupo político importante naquela quadrada histórica, o PRO (Partido da Revolução Operária), uma ruptura local do PRC (Partido Revolucionário Comunista), que era uma tendência do PT. Aquele pequeno agrupamento dirigiu uma cidade gigante como Fortaleza.

Maria, Rosa e Célia, são três figuras fundamentais na esquerda cearense, para muito além das nossas divergências políticas, ideológicas. Célia já nos deixou, penso que elas mereciam um lugar, um reconhecimento histórico de todos nós, por toda as trajetórias de lutas, dedicação e honradez política. Décadas de intensos trabalhos e de defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, do povo cearense.

Por fim, lembro do querido amigo Padre Haroldo Coelho, o candidato do PT ao governo do Ceará em 1986, um lutador incansável, sem medo das perseguições, dos limites da igreja católica. Um quadro político fantástico, sua bondade e carinho, lembro quando o conheci naquela campanha, tímido, ali com um candidato a governador, ele veio para ETFCE ao debate, o recebi e ele foi afetuoso, ouviu, conversou e deu um enorme abraço. É uma figura que também merece nosso reconhecimento como herói do nosso povo.

Essas memórias vão nos trazendo episódios, anedotas e lembrando dessas figuras extraordinárias, Padre Haroldo se foi em janeiro de 2013 e Célia em julho de 2018, continuam presentes na luta e na história de nosso povo. Maria e Rosa continuam na militância, no grupo Crítica Radical, com a mesma energia e generosidade, defendendo suas ideias com a mesma paixão que tanto emocionam.

É a história viva, do que fizemos e de como fomos conhecendo e sendo aceitos pelas figuras históricas da nossa terra.

Maria Luiza e Célia Zanetti, o sorriso dessas mulheres extraordinárias.

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One thought on “1968: Homenagem às lutadoras: Maria Luíza, Rosa Fonseca, Célia Zanetti e ao Padre Haroldo Coelho”

  1. Conheci, em maior ou menor grau, a todos eles. Pe. Haroldo, com seu mote — «Bote fé», uma sacada genial dos marqueteiros da época; ele me tratava, invariavelmente, como o “Morvan da Pedagogia”. Célia, apenas um ‘oi’, tal e qual Maria Luiza. Rosa da Fonseca, a gente discutia bastante; deixei de vê-la quando ela, enfim, conseguiu se eleger, à guisa dos compromissos, que mudam, e muito, com a atividade parlamentar; saudade enorme. Do Pe. Haroldo, seu jeito sempre solícito, e de Rosa. Não a vejo mais. Espero que esteja bem. Eu, que em nada cria, “botava fé”.

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