Arnobio Rocha Filmes&Músicas Rosa e Momo – A Razão de Viver.

Rosa e Momo – A Razão de Viver.


Rosa e Momo, a delicadeza da relação e sua dimensão humana.

Rosa e Momo (La vita davanti a sé) (Netflix, 2020) – dirigido por Edoardo Ponti, baseado no romance La Vie devant soi de Romain Gary, é simplesmente imperdível e inadiável.

O filme é doce e cruel, como quase tudo o que é vida e viver, sem embargos.

A cena se passa em Bari, no Adriático, sul da Itália, no lado oposto a Nápoles, banhada pelo Tirreno. A bela cidade, que mescla beleza, riqueza e pobreza, uma confusão de povos, de histórias ali descritas, nas ruas estreitas e nas incertas esquinas, que de repente se iluminam no espelho que o mar faz com o sol, traz poesia, melancolia e vidas em conflitos.

A bela e velha dama, Rosa (Sophia Loren, que mulher, que mulher) que ganhou a vida nas ruas, depois de  sobrevivido ao inferno do gueto Nazista, que consumiu sua família e sonhos. A segunda chance de viver foi nas ruas  com o corpo, com alma atormentada pelo passado, moldou uma personalidade ainda mais complexa, de dor, docilidade e sentido de reviver, no que for possível.

O anos passados, a razão da solidariedade e do pragmatismo de continuar a viver, também significa cuida das suas parceiras, tratadas com a indiferença, os filhos delas, os renegados de toda sorte ou azar, os filhos de ninguém, cuidados por uma deusa-mãe, que recolhe e acolhe.

De repente, a judia do gueto se ver diante de um pequeno e rebelde muçulmano, Momo (Ibrahima Gueyes, estupendo), outro filho de ninguém, criado ao deus dará ou não dá, sobrevivente nas ruas, nos pequenos golpes, na sorte que lhe é fera, conhecendo a dureza da vida adulta, ainda criança, que teve a infância roubada, olhar sofrido e gestos duros, secos.

Claro que não há empatia, um inicia seu ciclo, sua jornada, a outra está no fim dela, a relação curiosa de tantos opostos, é salva pela vida, pelas ruas, pela soma de dores e compaixão. Ele é rebelde e pilantra, ensinado pela expulsão do Senegal e pelas ruas; ela é rabugenta e pragmática, que o gueto lhe ensinou a descida ao Hades.

A fusão deles produz uma arte refinada, sensível, sem apelação, sem facilidades, um retrato dos direitos humanos, da diversidade, da convivência de religiões milenares, quando não há chance de seguir, exceto, por um amor forjado sabe-se lá de onde, que não os mistérios da existência humana.

Chorar e ver, sentir.

PS: Tem Elza Soares, tem Abril Zamora, tem as ruas, o mar.

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