Arnobio Rocha Diário de Redenção 17 Meses de Ausência.

1644: 17 Meses de Ausência.


Lê era charmosa demais, quanta falta, meu amor.

“I don’t care if I know
Just where I will go
‘Cause all that I need, this crazy feeling”
(City of star – Benj Pasek / Justin Hurwitz / Justin Paul)

Lá se foram 17 meses, 510 dias, a vida seguiu e é essa a verdadeira dinâmica da vida, os acidentes e as tragédias ficam circunscritas às famílias e ou as pessoas bem próximas. E isso é o que importa.

Nada altera a paisagem geral, nem um segundo de dor ou silêncio.

Ao contrário, relembrar e reviver o que vivemos parece magoar quem está de fora, estranho como incomoda falar de morte e do sofrimento causado por ela. Entendam, nesse mercado de sentimentos, suas mazelas não podem ser ditas, pois a fraqueza é vista como derrota, guarde para si, ninguém curte perdedor (a).

Sutilmente alguns dizem, “seus escritos não libertam sua filha e nem a você. Profundo não?”. Ou, “pare de choramigar, ninguém aguenta, mude o disco”.

Fácil, não leia, esqueça minha (ou a nossa existência).

O diálogo aqui é com minha consciência, uma forma de racionalizar o que aconteceu, aceitar nossos limites e aprender a conviver com algo que não mudará nunca.

A crueldade exercida em determinadas situações apenas serve para que você se sinta mais isolado e triste. Nenhuma vez pedi a qualquer pessoa que sofra o que sofro, ou que sinta aquilo que é próprio de quem é pai, mãe, irmão, aos demais talvez uma empatia.

De certa forma ser livre de amarras religiosas, de fé, me ajuda a entender esse comportamento mesquinho e pobre,  de que oferecer carinho não é ato gratuito, tem que haver alguma paga, ao que exige o crente e o cheio de fé oca. Nenhum interesse em amizade, contato com quem não tem o minimo de calor humano.

Dias amargos, isolamento, quarentena, vão minando e abalando suas energias, pensar e escrever, me alimentam, ainda que ofendam o vendedores de simpatias.

Saudades, filha. De tudo, tudo…O resto é silêncio.

 

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