Arnobio Rocha Diário de Redenção Um Ano…Sem Letícia!

Um Ano…Sem Letícia!


A beleza e o encanto da Letícia, todo dia me assombra não ver seu sorriso.

“Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar…”
(Gostava tanto de Você – Tim Maia)
Um ano, parece incrível, mesmo se arrastando, completou um ciclo inteiro, de lua a lua, de sol a sol, e tudo isso parece que é algo inacreditável, como se fosse um pesadelo em que em algum momento vamos acordar e dizer, puxa, foi tão real, mas era uma mentira, um sonho ruim, essa ilusão ainda contamina meus pensamentos, numa difícil e improvável aceitação de que a morte da Letícia seja real, mas é.

Há muito superei, antes mesmo dela partir, de que alguém morrer seja algo justo ou injusto, pois a vida não se trata disso, a vida tem começo, meio e um dia termina, longa ou curta, ela acabará, para todos, ficar buscando justeza nesse fato, da morte, não resolve a questão fundamental, que é entender a dinâmica da vida, seus limites e se há efetiva razão para felicidade, aliás, o que seria a felicidade?

Praticamente todos os eventos sobre a morte da minha doce Letícia, em tese, tratei aqui, compartilhei o que sentia, as suas dolorosas consequências, os efeitos devastadores sobre mim, sobre nossa família. Alguns detalhes, a relação com hospital, médicos e os cruéis momentos finais, ainda não direi, quem sabe um dia publique tudo e mais um pouco, preferi trazer à luz o que ela era e o que ela representa para nós. Sobre a sordidez, ainda não.

O mais louco de tudo que nos aconteceu é entender como continuar em frente, para onde, ou por qual razão devemos seguir. Fisicamente esse peso cobra um preço alto, nem sempre consigo acordar com energia, força mental para encarar os compromissos e fazer acontecer. Mesmo que não quisesse, muitas vezes me sinto esgotado, paralisado, distante, ainda que acompanhado.

A saudade e melancolia produzida encontraram em mim, sua morada. Absolutamente tudo, cada detalhe do cotidiano vai nos remetendo ao que fazíamos, que não faremos mais, é o que mais machuca, saber que não teremos mais outra vez em nada, nada…

A dor e sentimento de impotência, paradoxalmente, produziu uma coragem, o destemor em mim, como se nada de mal pudesse me abalar, nada me atingirá, não tem como explicar, apenas é, e vou enfrentando as circunstâncias mais perigosas sem nenhum medo, sem aquele frio na barriga, ou receio. Parece maluco, desafiar o desconhecido passou a ser algo natural.

Todos os artigos, desde 2010, andei olhando, escolhendo alguns mais significativos, os mais críticos, somei-os aos da série “Diário de Redenção”, para um possível livro sobre a Letícia Rocha, não tenho tempo, nem a clareza de como alinhavar o conteúdo, fora as questões mais primordiais que falam mais alto, especialmente, a de sobrevivência material e emocional.

No mais, apenas muito obrigado, Letícia, por um dia, na verdade, 7330 dias, que vivemos um sonho de felicidade, tragicamente interrompidos.

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3 thoughts on “Um Ano…Sem Letícia!”

  1. Se eu dissesse que tenho ideia da sua dor estaria mentindo… meu coração dói por coisas tão menores, que dirá a perda de uma filha. Sem palavras… só solidariedade. Beijo!

  2. “O morto amado, nunca pára de morrer!” Nem tudo pode ser sepultado. Fica eternamente em nós. Fica vida na expressão da memória, mas também fica morte. Na morte do outro, morremos tambem”

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