Arnobio Rocha Reflexões Mensagens ao Mar

1552: Mensagens ao Mar


Um texto no blog é como uma mensagem lançada numa garrafa ao oceano.

“Se é querer do Olimpo, Venha quem traga o preço e o corpo leve.” (Ilíada – Homero)

Há bilhões de textos escritos em milhares de formatos, bombardeando nossos computadores, celulares, tablets, causando uma tremenda confusão mental, pior não nos dando nenhuma chance de ler, ou saber qual o valor real de alguns deles, se por um lado oferece a oportunidade de um desconhecido romper a bolha, em oposição, fortalece os já estabelecidos, pois esses dão uma “segurança” sobre o que escreve.

Tem quase 10 anos que esse blog está no ar, com muitos formatos, aparência, apresentação, sem no entanto mudar o fundamental, seu caráter autoral, com ou sem leitores, atravessou os meses, anos, superando a ansiedade do autor de que iria marcar posição, trazer reconhecimento, ou mesmo provocar debates, velhas ilusões perdidas, que não deixa saudades.

Transformou, em justa medida, um filtro adequado para outras regiões cerebrais, preocupações reais com a vida, o mundo, a ambição e a vaidade, foram abandonadas, e hoje, é apenas um diário simples de alguém que viveu 30% do Século XX, 3% de dois milênios, e que se aventura por 20% do Século XXI, profundamente ligado aos séculos e milênios anteriores, que de alguma forma, incentiva a busca de um conhecimento mais amplo do que apresentado hoje.

Algumas formulações escritas e nem percebidas, surpreendem por sua concisão e refletiram tão bem a estruturação da minha formação, abaixo dois parágrafos de um texto que publiquei, resumiram tão bem dois itens que me são caros, conhecimento e acolhimento.

A relação intelectual que se estabelece entre o homem comum com as grandes obras, em grande medida, é fundamental para mudar a percepção da vida, mediando, real e fantasia, numa relação dialética que nos eleva à outros campos, em que a mente, o intelecto,dominam dores e emoções, pois a reflexão é plenamente oxigenada pelas ideias mais elaboradas .

Claro, também é óbvio, que as dores da alma, não são tão simples de se combater, não é uma questão intelectual, é bem mais complexo, portanto, pois não se tem como facilmente sublimar, ou esquecer, como se não existisse, ao contrário, ela se torna presente, mais latente o que modifica sensivelmente o comportamento, em oposição à razão.

Surgiram no auge da minha maior dor pessoal, o que me deixa feliz é que não perdi a minha essência, eles trazem a síntese do que sou, nada mais, nem menos, defeitos e qualidades.

Aqui, na solidão do meu casulo, ouvindo velhas e ótimas músicas, jazz, mpb, rock, as letras ganham vida na tela, em mais uma mensagem posta numa garrafa e jogado no oceano.

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