Arnobio Rocha Literatura Belchior – A Identidade dos Sabidos.

Belchior – A Identidade dos Sabidos.


A Identidade dos cearenses, a alma nossa, captado pelo grande Belchior.

“Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver”

Ora, nesse momento de minha vida, encontro uma enorme identificação com meu conterrâneo, o sobralense, que era um baita poeta, um grande filósofo, um puta cantor. Além de transgressor, figura única, cheio de contradições, amor e fuga. Carinhoso e generoso, com as pessoas, sempre disposto a receber e conversar, incentivar e participar de eventos, como um “comum”.

Há quase dois anos, ele fez sua última viagem, deixando uma obra cheia de clássicos, com grande referência literária ao seu profundo conhecimento das grandes obras da humanidade, as citações são típicas de nossa vaidade cearense, de sermos “sabidos”, que tanto assombramos os parvos, que nos tomam apenas como comediantes, o que já seria maravilhoso.

A beleza das letras, os versos filosóficos, muitas vezes não são compreendidos como tal. As frases de suas canções estamparam nossas camisas, faixas, citações nos anos de 1980, no movimento estudantil, ou nos bilhetes para nossas futuras paixões/namoradas, que embalava nossas conversas, nas rodas de política, de contemplação do pôr do sol na ponte metálica, ou nos fins de tarde da mítica escola técnica federal.

Ainda devemos muito a aprender e conhecer, sobre um dos grandes bardos da música e literatura brasileira, inclusive, para apagar os últimos de folclore e desrespeito ao artista, quando apenas julgamos, sem entender o contexto de vida e mente que já sofria os seus próprios males.

É impossível não se deliciar, viajar, chorar, se apaixonar ouvindo, Coração Selvagem, Alucinação ou Divina Comédia Humana. Quem sabe se rebelar Como Nossos Pais, refletir sobre os caminhos em Paralelas. Ser completamente cearense com A Palo Seco. Entre cada grandes composições, mais se agiganta, esse personagem especial, tão vivo, em quem vem daqueles nortes, das terras secas e cheias de teimosas vidas.

No fundo todos nós sonhamos em “gozar no teu céu, pode se no seu inferno, viver a divina comédia humana onde nada é eterno”. Pois nada realmente é eterno, nem nossos corações selvagens, sempre têm pressa de viver, porque a vida é breve, e daí nossa pressa de viver.

PS: Continuo devendo a leitura do livro de Jotabê Medeiros: Belchior – Apenas um rapaz latino-americano

“E as paralelas dos pneus n’água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento, oitavo andar
Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu”
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=db36fCh2zIs[/youtube]
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