1419: À Deriva.


Num lugar qualquer, sem nada certo, apenas fica à deriva…

“Sobre o que tememos e não mais sabemos o que temer,
Senão flutuar sobre um mar selvagem e violento,
À deriva.”
(Macbeth – W. Shakespeare)

Uma dor intensa, uma tristeza que aperta o peito, de repente é só o que nos resta, além de tolas palavras e vazias promessas de mudanças, que o mais provável é que jamais serão cumpridas. A vida é seu eterno retorno ao marco zero, aquele ponto que o sistema será reiniciado, os bugs consertados, algumas emendas se incorporam, mas seu programa continua falhando, eventualmente, funciona.

Perdi as contas de quantas vezes tenho esses repentes de luz e sombra, de quantas vezes vou machucar os que me circundam, não se trata de constatar, nem muito menos de se desculpar por algo que se repete, um círculo vicioso, que não se rompe, pior, se amplia, multiplica e te torna refém de teus limites, tuas indecisões, as tuas vacilações permanentes, as tuas mentiras (in) sinceras.

Nem adianta tentar negar, pois é normal a construção de uma ideologia interna que possa justificar as nossas falhas que, aparecerão, sem dúvida alguma, cedo ou tarde. O nosso autoengano perfeito, não funciona, pois, ao se olhar no espelho, “tudo que nos parecia sólido se desmancha como ao vento nossos anelos”. As viagens, as fugas, não te afastarão de si mesmo, do seu potencial destruidor.

Eis que aparece a ‘oportunidade” perfeita de que tudo se resolverá, a promessa do “fim do mundo”, obviamente, isso não acontece, não aconteceria assim de forma tão simples, não temos tanta sorte assim? Os nossos processos serão vividos um a um, sem chance. A única coisa líquida e certa é que não temos como fugir de quem nós somos:

A aparência e a essência se separam no final, assim, ficamos nus.

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