Arnobio Rocha Política Arrastão Cerebral

1364: Arrastão Cerebral


O controle por interação digital é quase total das ações e valores.

O controle por interação digital é quase total das ações e valores.

” Se é agora, não vai ser depois; se não for depois, será agora; se não for agora, será a qualquer hora. Estar preparado é tudo” (Hamlet – Shakespeare)

Muitos de nós se pergunta como houve uma virada tão rápida do Brasil, de um governo democrático e popular para um governo de Estado de Exceção a cada dia mais explícito. Procurei elencar alguns tópicos para demonstrar que não vivemos uma situação fruto do acaso ou repentina, tudo o que assistimos, sob minha ótica, vem sendo preparada a pelo menos dez anos.

O divisor de água foi o chamado “Mensalão”, ali foi a primeira tentativa de criminalizar o PT e seus dirigentes por práticas políticas comuns ( e eticamente reprováveis), mas que com ele virou uma ampla escandalização, com o claro sentido de desmoralizar a esquerda, representada pelo PT.

A tática atingiu o objetivo de longo prazo, fragilizou a bandeira da ética e da luta contra a corrupção, mas não foi suficiente para derrotar Lula em 2006, nem impediu a eleição e reeleição da desconhecida Dilma Roussef.

Precisamente em 2010 houve a amplificação do que denomino “Arrastão Cerebral”, a ampla expansão da internet no Brasil e o acesso massivo  mudou a qualidade da comunicação direta e permitiu que algumas “verdades” fossem difundidas de forma científica e, assim, cristalizou conceito absolutamente falsos como verdadeiros, sem que houvesse nenhum contraponto.

O meu texto O Paciente Trabalho para Plantar o Ódio nas Redes Sociais., de abril de 2014, levantei algumas teses de que o que estávamos assistindo, depois das jornadas de junho de 2013 “não é obra do acaso ou da burrice, é um trabalho paciente, científico, organizado e bem executado, sob um comando centralizado que sabe o que quer. Digo-lhe mais, não tem nada a ver com “teoria da conspiração”, venho estudando e escrevendo sobre este “fenômeno” de comunicação, que no início muitos abraçaram como “revolução digital”, cyberativismo etc”.

Completei dizendo que “Infelizmente não tem nada disto, o que me chamou atenção foi a primeiro a “revolta” do Egito, depois Turquia, Ucrânia, Brasil (junho/2013), Venezuela, de novo Turquia e de novo Ucrânia. Agora mais uma vez Venezuela, tudo muito parecido e igual a mesma forma de atuação e repetição. É só uma coincidência?”.

Publiquei também O Tempo e a Loucura para que pensemos que mesmo após a queda do governo petista eles não pararam de agir.Trago pontos que acho relevantes para o debate e para entender essa onda que se transformou numa tsunami:

1) O trabalho científico agora é usado para apagar da memória do que fizemos nesses 13 anos de governo, lembremos que não foi realizado por fanfarrões nas redes sociais;

2) Estou convencido de que eles cristalizaram como verdades os mais absurdos disparates porque os ignoramos e apenas ríamos deles;

3) Simplesmente não lutamos contra as barbaridade produzidas, como “lulinha dono da Friboi”, achando que isso não daria em nada. Os comentaristas de portais saíram das poltronas e tomaram as ruas em junho de 2013;

4) Como ogros e carregados de coisas que beiravam ao realismo fantástico tais como de que o Brasil vivia sob uma ditadura do PT (mesmo eles tivessem plena liberdade pra “denunciar” o PT);

5) Essas coisas foram marteladas exaustivamente, repetidas e depois refinadas para dá uma coerência verosímil à narrativa estúpida;

6) Eles primeiro ganharam a narrativa na internet, nos portais, colunistas de jornais os alimentaram com informações completamente parciais e desencontradas. Fortalecidos, bem dirigidos e com ampla rede de contatos,  em junho de 2013 passaram a dominar as ruas;

7) Desse lado fomos acostumados com a militância tradicional da democracia de partidos, sindicatos e movimentos sociais reais, rapidamente fomos jogados para defensiva completa, sem defesa e argumentos para o novo tipo de embate;

8) A linguagem era outra, totalmente distinta da nossa. Imediatamente tiraram nosso chão e fomos trucidados no Congresso;

9) A estupidez venceu a esperança, esse é o ponto. Continuamos desnorteados e apanhando, mesmo fora do governo, por que?

10) Porque não compreendemos o mundo, simples assim. Daí a razão de ter que combater novos estúpidos como as Janaínas da vida.

11) Agora não temos mais desculpas de “governabilidade” temos que bater de frente com todo tipo de disparate que apareça.

12) Do meu ponto de vista, ou agimos assim ou em breve não existiremos mais. A luta e o combate é aqui nas redes sociais e nas ruas, sem trégua;

13) A virada não é rápida e mesmo em escolas ocupadas, há confusão sobre o que nós somos (a esquerda), se realmente não somos apenas ladrões iguais aos outros;

14) Esse trabalho político/ideológico massificante foi longo e paciente, cultivado sem pressa, não se quebrará fácil. Lembremos: Sob nossos olhos e não vimos.

15) Mesmo os cyberativistas que pregavam a revolução via redes, JAMAIS detectaram esse trabalho tão bem calculado e que se massificou depois de 2010;

Quem me acompanha sabe que esses posts são repetidos de tempos em tempos, solenemente ignorados na esquerda que milita na internet. Faço de teimoso, nem ligo se perco seguidores ou se ganho, a muito me libertei desses grilhões de audiência fácil.  Pode ser que futuramente alguém lembre desses alertas, da crueza das minhas palavras, pois as doces, só nos derrotaram.

Ponto final, ainda espero que isso gere calor ou debate.

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