Arnobio Rocha Reflexões Resiliência

1286: Resiliência


Força e Coragem de renascer

Força e Coragem de renascer a cada dia.

“Pois saibas sem sombra de dúvida que eu não trocaria minhas misérias pela tua servidão; acho preferível estar escravizado a este penhasco a ser o mensageiro fiel de Zeus teu pai. A injúrias responde-se assim, com injúrias”. (Prometeu Acorrentado – Ésquilo)

A vida avança e os pensamentos vão se tornando mais sofisticados (ou não), mas ao mesmo tempo e contraditoriamente, o corpo se torna mais pesado, os pés parecem mais presos ao chão à realidade concreta, nos ensinando e ajustando nossos sonhos, ou trocando-os por outros, alguns até mais utópicos (como a Revolução), mas também mais adequados ao que somos, ou o que nos tornamos. A dura transição deixa marcas e nos dá grandes lições, a língua mais afiada e o vocabulário mais desenvolvido acabam por nos trair.

Jamais posso reclamar de tudo o que fiz ou por aquilo que passei (passo) na vida, no fundo as coisas foram acontecendo, cada momento se encaixando como deveria ser, nem sempre como achava que seria, pois há grandes diferenças entre o plano e a execução. Em quase toda encruzilhada em que cheguei nos meus caminhos, o sentido escolhido se mostrou proveitoso, nem quero voltar atrás, para mudar o rumo. A intuição de cada época sei respeitar, os erros advindos destas escolhas, quase todos já absorvi e os “paguei” de alguma forma.

Bem, é fato que a soma de infortúnios pelos quais tenho passado influenciam diretamente no meu humor e no meu pessimismo em geral, nesse momento, sou otimista em particular. Entretanto, que fique claro, isso não me impede de ver essa avalanche de desgraça humana de forma objetiva, mesmo com toda a dor que me cause. Há nuvens carregadas no horizonte por todos os lados, que refletem diretamente na alma da humanidade.

A tragédia humana se torna pestilenta em tempos de Crise econômica, a moralidade e o humanismo acabam sendo as primeiras vítimas nesses momentos críticos. Valores como, solidariedade e dignidade, são esquecidos, o que se exterioriza é apenas o que há de pior em nossas entranhas, o nosso lado animal irracional, o mal é apenas banalizado, não é à toa que regimes fascistas nascem e crescem nessas condições ideais para o desenvolvimento do ódio, como categoria política fundamental.

Nos últimos anos, as bestas-feras fascistas mostraram suas garras publicamente, os ovos da serpente, do ódio, tidos em 2013, foram chocados em 2014, vieram à luz, em 2015. Até as verdades mais simples, aparentemente já pacificadas, foram todas violentamente atacadas por essa horda de canalhas e brutos, que ser arvoraram no direito de ferir a nação com sua estupidez e selvageria, uma onda de ignorância jamais vista.

Indo um pouco além, percebemos que a vida, ou seus atos fundamentais são repetitivos, milhões de pessoas vivem, ou sobrevivem, num mesmo compasso que é de relógio, com as mesmas obrigações, raramente mudando uma vírgula de seu cotidiano, que seguem em frente sem alterar nada, se resignam em continuar, continuar, esperando ou não por algo melhor, mais digno, ou não, apenas resignado.

As religiões, as ideologias, as paixões funcionam como um “regulador”, ou como uma válvula de escape, para que se fuja do “eterno retorno”, que se tenha a impressão (falsa ou verdadeira) de que se estar fazendo algo “diferente” do habitual, do normal, do humano.

Às vezes a natureza simples e banal da vida nos leva aos atos extremados, uma insubordinação contra esta ordem natural, tão humana e comum que a vida tem. Por mais difícil que seja a realidade, há uma razão boa e tranquila para os atos e fatos da vida, pois e com estas repetições que nos garante segurança e a certeza de que faremos mais e mais, vamos voltar a passar pelos mesmos caminhos e marcos, prova de que não nos perderemos pelos desvios.

Sem ser apenas uma resignação, mas um prazer de existir, de buscar felicidade nas coisas mais simples. Uma onda vem, mas milhares de outras virão, porque o novo sempre vem.

Pink Floyd – Coming Back To Life

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