Arnobio Rocha Reflexões O Cavalinho de Couro, um Presente Inesquecível de Natal.

1202: O Cavalinho de Couro, um Presente Inesquecível de Natal.


Um presente de Natal inesquecível.

Um presente de Natal inesquecível.

Pensando bem, nem meu pai deve lembrar-se do melhor presente de “Papai Noel” que ele me deu, quase certo que não, afinal nunca lhe contei esta maravilhosa lembrança, que todo ano, desde ali, volta à minha mente. O ano é bem certo que foi o de 1979, já notaram que sou bom de datas, principalmente as mais marcantes, tinha 10 anos e ainda morávamos na pequena Bela Cruz, um lugar perdido no interior do Ceará, que já falei aqui também, algumas vezes sobre a cidade que nasci.

Naquele ano, meu pai não comprou nossos presentes de Natal na loja do Seu Pedro Josino, que era uma venda cheia de bolas, bonecas e quinquilharias, uma maravilha para aquela pequena cidade. O que gostava na loja do Seu Pedro Josino era a bola “Dente de Leite”, não era de couro, mas ela mais pesada e macia, ótima para jogar, fazer embaixadas e treinar chutes à gol. Futebol, a bola, era a única coisa que me interessava naquela loja, como contei outras vezes, as revistas do Tex e de HQ TV, com Thor, Namor, Hulk, Homem de Ferro e outros, além dos livros e enciclopédias da biblioteca, dividiam com o futebol o meu tempo livre.

Meu velho pai era caminhoneiro, sua rota principal era Belém do Pará, sempre próximo ao Natal, meu velho estava em casa, sabíamos das compras na loja, mas não naquele ano. Fui dormir preocupado, pois não tinha nada em casa que lembrasse presentes de Natal. No outro dia cedo, quando acordei tive uma grande surpresa, um pequeno pacote com um cheiro forte, até hoje inesquecível, de couro. Levantei e desembrulhei rasgando papel, aí dei de cara com um pequeno cavalo feito à mão, de couro, com sela, arreios, tudo extremamente bem esculpidos.

Fiquei um tempão apenas passando as mãos naquela joia, como era bem feito, que artista. Podia não ter a utilidade de uma bola ou de um carrinho, de um pião, mas aquele cavalinho era lindo demais, para ficar admirando a beleza, imaginando o trabalho que alguém teve para fazer. Mas o principal era o cheiro que exalava, aquele couro, não era curtido, era diferente de tudo que já tinha sentido, uma coisa que se leva para toda a vida, não tem como descrever com exatidão o cheiro do couro, daquele couro.

O destino foi cruel, menos de dois anos depois, na mudança de Bela Cruz para Fortaleza, o cavalinho sumiu e nunca mais o vi. Talvez perdido em alguma caixa, deixado para trás, quem sabe fez alegria de alguma outra criança, como também me fez, especialmente naquele dia de Natal. A surpresa de receber algo tão diferente, inesperado, com tantos detalhes, tanta riqueza contido naquele objeto, provavelmente comprado em Belém ou na estrada, no Maranhão, quem sabe em Tianguá (Ceará), nunca soube o lugar de onde veio, afinal foi “Papai Noel” quem me deu.

Hoje pela manhã, vindo para o trabalho, aquele cheiro do couro voltou aqui, senti fortemente nas minhas narinas, era como se tivesse em minhas mãos o pequeno regalo, mais uma vez agradeci ao meu Papai Noel, mesmo mentalmente aquele lindo presente, simples demais, mas que me traz lembranças emocionais até hoje, talvez para toda a minha vida vá lembrar o formato, os detalhes e do cheiro do couro do cavalinho.

O melhor presente de Natal é aquele que te faz feliz, não importando o quanto custou, se foi caro ou barato.

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