Arnobio Rocha Filmes&Músicas O Nirvana de Miles Davis e dos Poetas.

1169: O Nirvana de Miles Davis e dos Poetas.


A arte divina de Miles Davis, uma redenção humana.

A arte divina de Miles Davis, uma redenção humana.

“Em vez de nós, expulsos, exilados,
Criada já existe a prole humana,
Prazer novo de Deus, e este amplo Mundo
Para morada deleitosa dela.
Foi-se a esperança… e não regressa nunca!…”

( Paraíso Perdido – John Milton)

A vida é dura para grande parte das pessoas, pois na maioria das vezes apenas lutamos para sua reprodução, manter-se vivo, comer, viver com alguma dignidade, o que nem sempre é possível. Daí a necessidade de se buscar alguma explicação divina, esotérica, não terrena, talvez com uma fé ou se apegue em algo que minore suas angústias e sofrimentos, quem sabe torne mais suportável a sobrevivência.

Em quase todas as religiões ocidentais se prega que a vida terrena é uma punição, pois vivia-se num paraíso, mas o homem resolveu romper a “paz e tranquilidade”  se insurgindo contra o divino, quebrando a hierarquia e a ordem do universo. Expulsos do paraíso ou o seu habitat transformado, num mundo duro e cruel, em que a luta pela sobrevivência é a parte fundamental deste castigo eterno, se bem que alguns parecem mais castigados que os outros, pois a luta pela sobrevivência é mais dolorosa, cumprindo aqui esta paga sem fim, que os deuses (Jeová, Alá, Deus e tantos outros nomes) nos legaram.

Mas no meio desta bagaceira toda, por obra nossa ou dos deuses, surgem os poetas (aqui no sentindo amplo) e aí dão toda a graça e sentido a vida e a nossa tola existência ganha luz, cores e sons. Suas poesias, seus escritos, seus pensamentos filosóficos, suas músicas, suas atuações teatrais, seus gols ou estas mágicas, acabam nos levando ou elevando a outro patamar, todos os “castigos” parecem que são aliviados. São dons tão especiais, iluminados que muitas vezes não os julgamos “humanos”, mas sublimes e divinais.

Ontem li um pequeno pensamento do meu amigo Maneco (@magnesio), no Facebook, que era ao mesmo tempo, a reclamação com a vida e a sua cura, quando se referiu ao Miles Davis. Esta coisa ficou ali me sacudindo por horas, o peste tinha completa razão, Miles, nos dá o sentindo da vida, do som, de que a vida é bela, pode ser ainda mais bela, mesmo com tantas e quantas dificuldades apresentadas. É uma viagem ao mundo paralelo e real, do som e da imagem.

Aquele sopro único, inacreditável, reconfortante, cortante e que nos faz levitar ao som de um trompete, do jazz total, todas as gingas e criações, o gênio, tocou com imensa classe. Apenas ouvir, não precisa entender nada, conhecer detalhes, sinta e se emocione, pois a iluminação está com ele, que generosamente nos deu o prazer de sorrir ao seu som, sua bossa, sua estrada da terra ao paraíso.

Sinta, voe, a vida é… Cabe qualquer coisa e todas as definições, mas com Miles Davis ela é AZUL.

Miles Davis – Kind Of Blue

https://www.youtube.com/watch?v=qNcPwrfK9tY

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