Arnobio Rocha Política Democracia e o Jogo Bruto Eleitoral

1160: Democracia e o Jogo Bruto Eleitoral


 

As eleições como parte da luta política contínua por transformações.

As eleições como parte da luta política contínua por transformações.

Comecemos reafirmando algumas posições de princípios democráticos: A Primeira é que respeitamos todo e qualquer resultado eleitoral. Quem vive numa democracia não pode ficar questionando urnas eletrônicas (sem nenhuma prova de fraude), nem deve ficar fazendo ameaça a quem vence, é aceitar os resultados e assumir o papel recebido das urnas, o recado dado pelo eleitor é sempre claro – se somos vencedor, assumir o comando e cumpramos o programa apresentado ao eleitor. Ao contrário, se saímos perdedores, vamos ser oposição, democraticamente, esperando outra oportunidade e cobrando os eleitos o programa que os levou à vitória.

Segunda, não ficamos culpando os eleitores quando perdemos, pois é o mesmo quando ganhamos, apenas não fomos competentes suficiente  convencê-los de nossas propostas e em trazê-los para nosso lado. Além do que, a alternância faz parte do jogo (se bem que em São Paulo, parece que não faz). Terceira, não podemos ficar caçando às bruxas, os culpados, devemos fazer balanços políticos objetivos, racionais, entendendo onde falhamos, por que erramos, como se deve mudar e principalmente renovar as lideranças. Quarta, compreender o jogo completo, as forças que estão no tabuleiro, que tipo de disputa se estabeleceu nas eleições, principalmente os interesses mais escondidos.

O mais importante é aproveitar o embate eleitoral para fazer um debate franco, confrontando cada ponto, as contradições programáticas, o que representa cada projeto, quais os reais interesses dos apoios públicos e os feitos por vias escusas, através de biombos. Quanto mais aberto e direto, mais será enriquecedor para a democracia e para que a decisão seja tomada com consciência e a responsabilidade, inclusive para “mudar tudo que está aí”, obviamente sabendo o significado do repúdio ou apoio ao “tudo que está aí”, não fica apenas na frase oca, vazia, mas conhecendo a sua relevância.

Por isto nunca devemos tomar  o eleitor como um tolo, como um manipulável qualquer quando nos desagrada, nossa tarefa é compreender , até o incompreensível, senão caímos no lugar comum, na desqualificação do sujeito principal do processo, o eleitor. O mesmo que nos eleva, pode ser o mesmo que nos derrube, portanto estudar seu comportamento e principalmente dialogar com ele é a maior tarefa. Ele pode se deixar levar por uma onda irracional, mas ao invés de condená-lo, que tal saber como esta “onda” foi criada, qual sentido real (grau de insatisfação com o governo, justo ou não) e o sentido irreal (a espetacular projeção de marketing do salvador (a) da pátria).

 Aqui, neste pequeno blog, fiz um conjunto de reflexões sobre as atuais eleições, em particular desde a mudança brusca dela, com a morte trágica de Eduardo Campos, mas que foi mais do que oportuna para o Kapital:

  1.  A Morte de Eduardo Campos e as Teorias Conspiratórias sem Cérebro.
  2. Por que o Estado Gotham City não se impôs no Brasil?
  3. Marina, A Terceira Via do Kapital rumo ao Estado Gotham City?
  4. O Fenômeno e a Farsa da Candidatura Marina.
  5. A Onda Conservadora Ameaça o Vacilante PT.
  6. O Messianismo Barato Ameaça a Democracia.
  7. O que é Marina? “É a economia, estúpido!”
  8. “Projeto Marina”, O Retorno Neoliberal.

Em cada artigo, há uma busca de entender cada parte do jogo bruto, de como se articulou e gestou um “fenômeno” eleitoral. Aviso antes que todos eles fazem parte de uma visão de alguém que tem lado (certo ou errado, tem uma coerência, uma lógica), não pretendo ser “isento”, “neutro”, porque simplesmente não acredito nisto, melhor a honestidade de análise objetiva, com inflexão numa posição política definida, do que ficar mentindo e fingindo uma neutralidade inexistente e improvável, digo mais, impossível.

Mesmo com o pouco tempo de cada um, das atribulações da vida, a luta pela sobrevivência diária, dos compromissos estressantes, convido-os ao debate, para desmitificar e tornar mais racional uma decisão tão difícil que é escolher um presidente, um programa e um caminho para este imenso país. Lembrando ainda que as eleições são parte da lutas pelas transformações sociais do Brasil, que não se esgota no voto.

Vamos ao debate, vamos à luta!

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