Arnobio Rocha Política O que é Marina? “É a economia, estúpido!”

1158: O que é Marina? “É a economia, estúpido!”


Dima x Marina: Projetos Antagônicos em disputa

Dima x Marina: Projetos Antagônicos em disputa

Em 1992, George Bush ( pai), o ex-vice de Reagan, herdeiro da queda do “império do mal”,  o vencedor da luta ideológico contra o leste europeu, para completar fez uma “nova cruzada” derrotando o Iraque, tudo levava a crer que seria facilmente reeleito, o que seria o quarto mandato seguido dos Republicanos. Pelo lado Democrata, um desconhecido Bill Clinton, vindo de um pequeno estado, Arkansas, recebe a missão impossível. Parecia que seria apenas uma formalidade, se não fosse a economia americana em crise. James Carville, estrategista da campanha de Clinton, cunhou a famosa frase porque Bush perderia as eleições: “É a economia, estúpido!”.

Os exemplos são os muitos, mas basta lembrar que o primeiro negro, num país racista como EUA, se elegeu na esteira da maior Crise, desde 1929. Lula também foi eleito, a despeito dos preconceitos e dos temores de que seria capaz de governar. A improvável construção de Dilma como candidata, uma ótima ministra, mas sem experiência em campanhas eleitorais, só foi possível pelo grande momento da Economia, em 2009, o crescimento do PIB foi 7,5%, além de um otimismo generalizado com o país.

As expectativas positivas da Economia ou a crise aberta acabam sendo decisivas nas eleições, os escrúpulos são engolidos, pois, em regra, se vota com o estômago, com os olhos no que pode acontecer com seu emprego e com sua vida. Desde que escrevo a série sobre a Crise 2.0 (transformado em livro ano passado –  Crise Dois Ponto Zero – A Taxa de Lucro Reloaded), acompanho a economia mundial e os caminhos do Brasil. Ainda em 2011, numa polêmica com os companheiros do PT e de outras alas, venho dizendo que a Crise 2.0 aportou no Brasil por volta de agosto de 2010, durante o período final do governo Lula. Portanto Dilma vem toureando a crise, sem dúvida usando de todas as ferramentas para amenizar seus efeitos, em particular na luta por empregos e manutenção dos índices sociais.

Os grandes projetos como o PAC 2 e 3,  com as grandes obras públicas, especialmente as de matriz energética das usinas de Belo Monte, Santo Antônio, a grande construção do Pré-sal com os resultados positivos de mais de 500 mil barris atualmente mostram que o caminho é  duro, mas é correto. O Programa Minha Casa, Minha Vida, que incentiva a construção de casas populares e principalmente gera milhares de empregos, numa área que tradicionalmente usa muita mão de obra, que emprega desde engenheiros e técnicos especializados, mas também trabalhadores com baixa qualificação. Também foram feitos vários incentivos fiscais em setores produtivos, como automobilístico, linha branca.

Mas a crise 2.0 tem lógica própria, a mudança de paradigma para que se faça a transição para um novo ciclo, incluí em sua agenda mundial o Novo Estado. A análise aqui é sempre na perspectiva do Kapital. Tanto Lula, quanto Dilma, mesmo com todo rebaixamento programático, não cumpriram e nem dão sinais de que vão cumprir o receituário do Estado Gotham City, a condição fundamental para a reentrada de Kapital, o determinante, o Kapital Financeiro. As condições serão pesadas para o Brasil para começar o novo ciclo, basta ver o que se passa na Espanha ou Itália, a quebra de qualquer vestígio de Estado de Bem Estar Social torna a vida dramática para os trabalhadores e para a população em geral.

É desta análise da realidade que, do meu ponto de vista, devemos compreender porque Marina pode derrotar os 12 anos da experiência Petista, de forma irresistível. Mais uma lembrança, em 2011, a extrema-direita espanhola varreu o PSOE nas eleições, mesmo com as praças e ruas lotadas de protestos dos “Indignados” ( que boicotaram as eleições). Rajoy foi candidato sem programa, sem projeto, apenas repetia e repetia que “faremos melhor, que mudaremos tudo que estar aí”, venceu facilmente. Duas semanas antes de assumir o governo, 10 técnicos do Ministério da Economia da Alemanha se reuniram com os técnicos do PP e elaborou o duro ajuste espanhol, que piorou a situação dos trabalhadores e da população, passado três anos a Espanha continua patinando com alto índice de desemprego e sem reação da Economia.

Apesar do escândalo do Mensalão, a Economia em alta ou em boa perspectiva, como também a falta de alternativa que não fosse a volta ao passado de forma explícita representada pelo PSDB, em certa medida ajudaram a manter o PT no governo, sem esquecer obviamente de uma série de boas políticas sociais, a política de emprego. Entretanto desde 2013, com as jornadas de junho, a virada da Economia se tornou mais sensível, as expectativas de baixo crescimento ou de menor mobilidade social, sem dúvida leva a um questionamento geral, a um balanço destes 12 anos. Parece claro que a “oposição” via PSDB não tinha a menor viabilidade, mesmo Eduardo Campos não teria chances, mas é importante notar que o teto de Dilma era em torno de 40%, aqui não vou discutir a veracidade das pesquisas, seus “ajustes” ao gosto do freguês.

Marina, a meu ver, será uma espécie de Rajoy (aliás, com o mesmo fundamentalismo religioso e econômico), não precisará dizer nada, nem o que fará, aliás, se ela falar muito perderá votos, pois apresentaria toda sua fragilidade política e ideológica, basta lembrar as bobagens ditas sobre  o Pré-Sal e sobre Belo Monte. Mas mesmo assim acredito que as pessoas, feito Zumbis, vão seguindo Marina de forma cega, apenas como contraposição e ajuste de contas contra o PT, não percebem que  Marina representa( Ver Marina, A Terceira Via do Kapital rumo ao Estado Gotham City?).

Todo o conjunto de ódios plantados pacientemente, em especial nas Redes Sociais, contra Lula, Dilma e o PT, estão sendo colhidos e se materializa em Marina, a salvadora riponga, conta o “mal do PT”, é mais que uma construção, é um movimento irracional, muito difícil de ser combatido. O papinho de “unir o país” é uma contradição em relação ao ódio excludente e raivoso aos petistas.

A combinação é explosiva: Economia em recessão, com baixa expectativa futura, somado a construção paciente de ódio de classe, misturado ao moralismo udenista de parte da própria esquerda. A tudo isto se soma a nenhuma combatividade por parte da direção petista, cega em seu mundo, acreditando unicamente nos feiticeiros, João Santana e Mercadante. Os últimos números de todas as pesquisas convergem para um cenário concreto de derrota, a questão é simples, tem como se reverter? Ou, como os ratos, já começam a abandonar o barco e procurando abrigo ao lado da Guru do Acre? Jamais, numa situação comum cresceria um embuste como daquela senhora com gestos calculados, em que até os xales de proteção à sua aparente fragilidade são falsos, nada em Marina parece de verdade, absolutamente nada. É como falei ano passado, o melhor nome para ela seria, Marina Kaiowá de Calcutá SA.

Mais uma vez repito, É a economia, estúpido!

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