Arnobio Rocha Filmes&Músicas Canção para Marion

1056: Canção para Marion

A maravilhosa Vanessa Redgrave no filme Canção para Marion

A maravilhosa Vanessa Redgrave no filme Canção para Marion

Hoje teria duas resenhas de dois filmes ( “Vidas ao Vento”(Kaze Tachinu) – Desenho e direção de Hayao Miyazaki e “Canção por Marion”(Song for Marion –  Paul Andrew Williams), são absolutamente poéticos, daqueles de afundam na cadeira ou no sofá, para nos fazer chorar emocionados. Bem, comecemos por  Canção por Marion, que vi por último, neste sábado a noite. A escolha foi aleatória, graças a Vanessa Redgrave no elenco, uma das melhores atrizes britânica.

A minha referência era Vanessa Redgrave, muito além de ser uma excelente atriz, ela tem uma vida de militância política aguerrida, sem jamais se curvar ao poder. Sua vida já daria grandes filmes, sua fibra, sua luta, seus amores, as causas que abraçou os enfrentamentos com os vários governos. Mas voltemos ao filme e a sua performance, neste encantador drama, em que ela mais uma vez brilha intensamente, com uma incrível força de interpretação aos 77 anos de idade.

Marion (Vanessa Redgrave) está no estágio terminal de um câncer, mas tem forças para ir a um coral de idosos, soltar a voz e cantar alegremente como se não houvesse nada mais importante na vida. Seu marido, o rabugento Arthur (Terece  Stamp) a leva ao coral e vive de birras por ela dedicar suas últimas energias para cantar, ao invés de se cuidar e tentar viver mais algum tempo. Mas, Marion, não parece disposta a ceder às pressões do marido e continua cantando influenciada pela jovem professora, Elisabeth( Gemma Arterton) que brinca com a velhice, a sexualidade, o humor e dedica tanto amor aos seus velhinhos.

O mote do filme é um concurso de corais que aquele grupo amador, cheio de dores e fraquezas e limitações físicas terá que superar. A delicada relação de Marion, expansiva, cheia de vida ( mesmo à beira da morte) em contradição com Arthur, ranzinza, sem esperança na vida, nas pessoas, com péssima relação com o único filho, a quem despreza constantemente. No meio deste ambiente conflituoso, os dois vivem um amor emocionante, cheio de perdões, de aceitações, uma poesia no caos. A música, que no passado, os uniu, ameaça separá-los.

A condução do filme é firme, com tratamento delicado da velhice, um tema cada dia mais bem trabalhado no cinema, como no excelente “O Exótico Hotel Marigold”, de John Madden, com Judi Dench, ou “Cartas para Julieta”, com a própria Vanessa Redgrave, em reencontro com seu amor, Franco Nero, com que teve um filho em 1969 e casou com ele em 2006. É uma ótima reflexão para uma sociedade que envelhece, mas que não cria espaço e respeito aos mais velhos, pois o mundo é feito para “os mais produtivos”, aparentemente os jovens.

Aqui, tem uma música linda, True Colors, em grande interpretação de Marion (Redgrave) e o coral dos velhinhos, como também Lullabye, interpretada por Arthur (stamp), já valem o filme. Confesso que morri de chorar copiosamente pensando nos meus queridos pais, a relação dos dois e dos meus velhos, tão cheia de sutilezas e doçuras ali ditas tantas vezes.

Canção Para Marion – True Colours

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=y5Fl-wt9cHU[/youtube]

Canção Para Marion – Lullabye (Goodnight My Angel)

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=mDO6XXqs-ck[/youtube]

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