Arnobio Rocha Crise 2.0 #SyriaWar – EUA e sua Guerra pelo Fim da Democracia

#SyriaWar – EUA e sua Guerra pelo Fim da Democracia

John Kerry - O Secretário de Ataque

John Kerry – O Secretário de Ataque ( Foto: Uol)

Toda vez, nestes últimos 20 anos, que dizemos que os EUA não conhecem a região, antes de uma invasão, nada se cumpriu. Foi assim nas duas invasões ao Iraque, no Afeganistão e na Líbia. É uma constatação, infelizmente a diferença é imensa do poderio militar. Agora, quando se avizinha mais uma invasão, ouço os mesmos comentários anteriores, de que os EUA vão se dar mal se invadirem a Síria, de que lá é uma outra história, etc. etc. Se realmente decidirem pela invasão, não acredito no poder de defesa dos sírios, uma esperança seria um apoio russo, o que também não acredito.

Seria mais importante entendermos os por quês destas constantes invasões e mais ainda por que não se consegue defender. São quatro guerras e pelo menos umas 4 ou cinco incursões restritas. A falência da Ex-URSS foi fundamental para acabar com o falso equilíbrio, além do que aqueles órgãos de fachadas como ONU perderam de vez sua pouca importância, deixando os EUA de mãos livres para exercitar o que todo império político-militar mais faz: Guerra. As novas guerras são localizadas, atendem a um objetivo bem claro a presença dos EUA no Oriente Médio, região mais refratária ao império.

A outra questão fundamental é que a democracia, como repisamos sempre, inclusive no nosso livro(Crise Dois Ponto Zero – A Taxa de Lucro Reloaded, no Capítulo VI), virou um estorvo para a azeitada burocracia paraestatal. O deus mercado financeiro mantém sua força e seu domínio sobre a economia mundial justamente nesta combinação de força do império dos EUA, em particular, além da burocracia permanente das agências “estatais”. A UE que em tese poderia servir de freio ao império americano, pelo menos economicamente, mergulhou numa crise profunda, mas mesmo antes dela virou aliada constante às intervenções promovidas pelos EUA, dando suporte e argumentos. No caso do Iraque e Afeganistão, foi a Inglaterra com Tony Blair, na Líbia, a França e na Síria a aliança se repete.

A provável invasão da Síria, mesmo com as ressalvas sobre o não apoio da população dos EUA, que levantei no artigo anterior ( #SyriaWar: O “recuo” de Obama ), mas se realmente  se concretizar, demonstra claramente  que os EUA agem sem nenhum freio, intervem quando quer, como quer, com as desculpas mais estapafúrdias possíveis: tirar Saddam do Kuwait, caçar Bin Laden e Talibã, depois para impedir que Saddam usasse armas de destruição em massas, inexistentes, ou derrotar o ditador Khadaf. Agora, para defender os “civis” sírios, contra uso de armas químicas, que supostamente foi usada pelo governo local. No fundo buscam se consolidar na região e garantir o bem mais estratégico destes países: o Petróleo.

A propalada mentira de que os EUA intervêm militarmente para levar democracia aos Oriente Médio, nem mesmo os mais fanáticos direitistas acreditam, exceto a mídia brasileira, a última que será avisada que a guerra fria ou o perigo comunista acabou. Todos os países invadidos vivem o caos, a situação piorou enormemente, não se conseguiu um único governo estável no Iraque, Afeganistão ou Líbia. Por outro lado a máquina de guerra e as grandes corporações privadas lucraram fantasticamente, com controle das riquezas dos países invadidos.

O mundo se tornou significativamente pior, a democracia representativa se esgota de forma rápida, a combinação de desilusão com a nenhuma alternativa gestada, os grupos autônomos surgidos nestes últimos não compreendem os caminhos desta nova ordem Estatal, que busca esconder a ação do Estado com o ultraliberalismo, quase um semi-estado, mas na verdade é um Estado muito mais forte, de exceção, sem democracia, povo e representação. A horizontalidade exigida pelas multidões se casa em essência com os desejos da burocracia, numa dominação de massas de forma eficaz, pois se suprime a representação e seus intermediários ( Partidos, Sindicatos, Organizações) tidos como desmoralizados, tudo se diluí em “movimento” em “Redes”(M15, 5 S, Sustentável,Tea Party) e “Indignados”, facilitando enormemente a cooptação e o combate de ideias.

Mundo estranho, de difícil combate político. Sigamos.

PS: Uma ironia, das ironias, Talibã é aliado dos EUA na Síria.

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