Arnobio Rocha Política A "Revolução Cultural" do Outono

859: A "Revolução Cultural" do Outono

1 Milhão de pessoas nas ruas do Rio de Janeiro, o que querem? foto de Isabela Freitas/Facebook/EBC

É preciso entender que quando se chega ao Governo e não ao PODER, dentro de uma lógica capitalista, fica impossível não se tornar “conservador” de defender o seu governo, as suas ações e conquistas, mínimas que sejam. É quase um milagre saber que um partido de massas, que foi forjado no seio da classe trabalhadora, chegou ao governo central de um país continental, imenso, cheio de diferenças culturais, políticas, econômica e social.

Esta última dívida, a Social, vem de uma realidade que foi se adiando desde as capitanias hereditárias por uma Elite que jamais se fez povo, ou mesmo nação. O resgate é imenso: Educação, Saúde, Saneamento, mas centralmente a Fome e a Miséria Endêmica secular. A chegada de Lula ao governo central, só  foi possível pela agravada crise legada pelo último governo da Elite egoísta, que tinha rifado o patrimônio público e mesmo assim falido o país.

As saídas eram poucas, minoria no congresso, dominado pelo balcão de negócios, sem menor preocupação com as questões reais, o governo entrou no toma lá da cá, sem perceber que o mensalão histórico, praticados por todos anteriores, seria visto como exclusividade do PT. O partido, queria governar, dentro do jogo parlamentar e da lógica burguesa, sem povo, a cobrança foi e é fatal. Parte da sua bela história ficou manchada.

Mesmo com tudo isto, com o cerco ferrenho das vestais da ética, os velhos corruptos de sempre, com seu poder midiático, não conseguiu derrotar mais duas vezes a proposta de governo petista. Mas os erros graves do início, o distanciamento, os acordos e um alimentado ódio bem focado pela mídia sendo cevado ao longo dos anos, uma hora explodiria. Ainda que, não tem como contestar estruturalmente o Brasil refloresceu economicamente, mesmo que os CEGOS ainda achem que foi graças a FHC, mas esquecem ou preferem não lembrar o Caos do país entre 1999 e 2002, apagão elétrico, corrupção, país caiu de oitava para décima quinta economia mundial.

O cenário é bem diferente hoje, enquanto as economias centrais estão em queda vertiginosa, o Brasil não foi ao FMI com o pires na mão, humilhado e sem futuro. Casos graves como Espanha, Portugal e Grécia são os exemplos do fracasso das políticas à la FHC e neoliberalismo. Mas mesmo assim houve e há esta explosão de revolta, mas por quê?

Há pautas imensas e muitas com justos pedidos, negar isto é burrice, mesmo sabendo que pode ser distorcido ao bel prazer de quem “informa”. Como disse no início, no Governo nos tornamos conservadores, mas não podemos nos tornar CEGOS também. É preciso agir de forma rápida e decisiva, incorporar as demandas, se associar a elas como patrimônio de nossa história, de nossas lutas. Entender a velocidade e ansiedade desta nova geração, não enxergando neles apenas a forma aparente de agressividade, bem próximas ao fascismo, mas nem isto eles saberiam o que é, cabe a nós nos somarmos.

Vivemos uma espécie de “Revolução Cultural” Chinesa, destrutiva em alguns casos, focada na burocracia, na corrupção e nos desmandos. Que não sabe definir quem é quem o responsável por cada demanda. Que tal ouvi-los? Debater, ajudar a focar as baterias para cada alvo, pois é mais simples é olhar para o mais alto e dizer: Dilma você é a responsável por tudo isto aí. Ok, ela é, em parte, deve assumir seu quinhão, e ela deve responder com ações diretas e fazer tudo aquilo que lhe estar ao alcance.

Dilma em pessoa deveria chamar estes manifestantes para sua porta e dialogar, depois ir com eles ao Legislativo e ao Judiciário para que cumpram sua parte. Momento é de passar o país a limpo, romper com velhas práticas, galvanizar para as mudanças toda esta força que se gerou nestes dias. Separar das garras dos oportunistas de sempre, dos golpistas, das pautas mesquinhas e dos canalhas que querem apenas destruir TUDO, principalmente o que se conseguiu de avanços nestes últimos 10 anos.

A chance é esta, sem temer nada, somos forjados nas lutas, não em gabinetes, esquecer isto é entregar aos piores inimigos que hoje tentam sufar o TSUNAMI da rebelião. A hora é esta.

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