Arnobio Rocha Crise 2.0 A Infecção da Crise Italiana, Ameaça a UE

747: A Infecção da Crise Italiana, Ameaça a UE

 

Protestos de Estudantes em Roma contra Austeridade. Foto:Giogio Cosulich (Gertty Imagens)

 

As eleições parlamentares italianas foram tratadas em três posts ( Itália, Nau à Deriva , A Itália Rumo ao Atoleiro e O Fenômeno (Bicho)Grillo e a Crise de Representação ) localizando, assim, o seu real significado, a exemplo do que fizemos na série sobre  Crise 2.0, em que analisamos as eleições da Espanha, França e Grécia. Ali, como neste agora, nos interessamos em verificar os atores e as consequências políticas, econômicas e sociais da disputa. Considero que a primeira parte foi cumprida nos posts anteriores.

Agora, vamos analisar as consequências caóticas das eleições que não teve um vencedor claro, mas teve um derrotado,  de forma inequívoca, a política de Austeridade, ganhando relevo entre os maiores derrotados, Merkel e a Troika, que impuseram o “bananão” burocrata Mario Monti, que daria estabilidade e conduziria a Itália para fora do atoleiro, foram 15 meses de fracasso sobre fracasso, até a demissão pomposa, como um ato de ameaça, a resposta foram os 10% de votos no projeto que ele representa, um repúdio total.

Mas, o impasse gerado pelas urnas, degrada ainda mais a cambaleante economia do país, a relação dívida PIB de 126% só é menor do que a da Grécia, que antes da quebra era de 170%. O Desemprego em elevação e explosivo entre os jovens, não teve nenhuma política no governo Monti. Para completar o quadro o PIB recuou 2,2% em 2012, com projeção de mais queda em 2013 e 2014. Nada indica que o novo primeiro-ministro terá qualquer espaço de manobra, se persistir na política da troika, ao contrário, tende a ser mais desastroso, como demonstra a Espanha que legitimou um novo governo, Rajoy, que segue a receita da Austeridade e o país desabou.

Hoje, o Presidente da França fez um pronunciamento muito duro acerca da questão da Itália, alertando que a política de Austeridade foi repudiada pelo povo, que não há mais como insistir neste caminho. Indicou ainda que o caminho da França, de buscar políticas de crescimento é o único possível, que a UE não pode voltar às costas para o que se passa na Europa. Hollande, não poupou as críticas, se mostrou muito preocupado com o impasse estabelecido e pediu que a UE mude as regras do jogo, senão ela mesmo perde o sentido de existir.

Do lado de Berlim, como era de se esperar, a preocupação é com os “mercados” que podem ser contaminados com as incertezas vindas da Itália, a terceira maior economia da Zona do Euro.  Segundo o El País, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, comparou a Itália de hoje com a Grécia e alertou que o cenário político italiano “aumenta o risco de instabilidade do mercado.” “A Itália é um caso grave, contagiosa, infecciosa para a Europa”, disse ele. “A crise não está fechado”, previu Schäuble, e alerta para o perigo de cair na tentação de uma mudança.

Mesmo no caos, o Ministro, aproveitou para ameaçar a Itália, mas não apenas ela, todos da Zona do Euro, para que não se afastem da política de Austeridade, exatamente o contrário do que diz Paris, que se necessita começar um “novo ciclo econômico, uma nova política”. O debate que se segue, ainda segundo o jornal espanhol, é que já não há mais concesso em relação a Austeridade:  “O ajuste é necessário e essencial, mas vendo os números mais recentes da recessão é evidente que falta simetria: alguns países, como a Alemanha, poderia fazer mais do que eles fazem”, dizem fontes europeiasr. Se no final deste ano, ou seja, após as eleições alemãs , a política europeia não tiver resultado, será a hora de fazer uma curva, dizem as mesmas fontes.

O Jornal conta os bastidores de Bruxelas e diz que “em público, Joaquín Almunia, Vice Presidente defendeu quarta-feira que as razões para o resultado das eleições em Roma “está na Itália, não atribuível para Bruxelas ou para a orientação da política econômica.” Mas alguns comissários têm mostrado, aqui e ali, começa a ser vozes que acham que a austeridade não deve ser a única receita. “Os italianos não querem apenas sacrifícios e sacrifícios”, disse o vice-presidente Antonio Tajani segunda-feira. “A perspectiva econômica continua a se deteriorar. Além de manter a fé, devemos fazer algo diferente? “Solicita Comissário para o Emprego Laszlo Andor.

A longa reportagem mostra um quadro grave, o duelo Paris x Berlim toma contornos mais complexos, a ampla maioria que Merkel impôs nos comissões da UE começa a fazer água. A própria chanceler alemã, passará pelo crivo das urnas, se ela perde o “controle” externo, internamente pode ter uma surpresa desagradável, a folgada liderança e domínio do país já não é tão grande, a perda de eleições regionais, apontam para o desgaste interno. Os número da economia diminuíram radicalmente, mas são vistosos diante dos parceiros, mas contraditoriamente o que sustentava os números da Alemanha era o seu amplo superávit comercial dentro da UE, com a crise generalizada, se reduziu drasticamente o comércio e os lucros do país.

O debate é longo, acompanhemos dia a dia, quando der.

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