Arnobio Rocha Crise 2.0 Os Crimes da Austeridade

732: Os Crimes da Austeridade

A Austeridade para o Povo (Charge do http://blogdokayser.blogspot.com.br/)

 

A economia política mundial tem sido pródiga em enviar sinais de como não se deve fazer, mas a lógica das políticas econômicas atuais, teimam em não seguir as dicas, ao contrário, buscam o pior, pois, só enxergam as receitas passadas, mesmo que estas tenham sido fracassadas. Aqui, na série sobre a crise, que denomino de  Crise 2.0, sempre denunciei, com números e evidências, que seguir o caminho de mais Austeridades só iria piorar a situação, principalmente, dos países mais pobres, sem economias capazes de reverter o quadro.

No ano passado fiz um resumo do significado das Políticas de Austeridade, no post Crise 2.0: Por Um Mundo Sem Austeridade, tem uns 15 links de artigos apresentando passo a passo como se reproduz este desastre político e econômico, quem paga a dolorosa conta, como se chega ao caos e ainda se culpa os outros pela desgraça generalizada. Ali, no final, afirmo e pergunto:  A denúncia da Austeridade, deveria ser acompanhada de um grande movimento alternativo ao modelo, que em parte se revelou nos indignados, no occupys, mas sem levar à cabo, que agora se organiza, como na Greve Geral da Zona do Euro, o #14N ( Crise 2.0: #14N e a Luta de Classes na UE). Mas continuamos a perguntar, pode se reverter o atual quadro?

Depois dos números ruins de França e Alemanha, que mostrei no post Novos Números, Mais Crise, Qual a Saída? , agora,  os dados da Espanha, Grécia, Portugal e tantos outros que são monitorados pela Troika,  demonstram o desastre, o crime que é a Austeridade.  Portugal com seus 10 milhões de habitantes convivendo com 1 milhão de desempregados, quase 17% da sua mão de obra, todos os planos frustrados, aquele que era apontado como um dos “novos tigres” da economia, hoje vive à míngua, queimando o que sobrou do seu patrimônio público, numa onde de privatizações que vai jogar ainda mais para baixo a economia do país. Ano passado o retrocesso geral foi do PIB, mesmo sob intensa Austeridade a “contração homóloga do seu PIB de 3,8% no quarto trimestre, 3,5% no terceiro trimestre, 3,1% no segundo trimestre e 2,5% no primeiro trimestre do ano”. (RTP Notícias 14.02.2013)

Os números gregos são mais impressionantes, em 5 anos o país perdeu 20% do PIB, um desastres de custos humanos inimagináveis. Apenas ano passado a economia retrocedeu acima de 6%, tendo o desempenho assim distribuídos nos trimestres: 6% no Quarto trimestre,  6,7% no terceiro trimestre, de 6,4% no segundo trimestre e novamente de 6,7% no primeiro trimestre do ano. O número de desempregados bate nos 27%, e entre os jovens chegou aos 63%. Cerca de 1,350 milhões de gregos desempregados, de uma população de 11 milhões. Uma tragédia, os números de AIDS e DST explodiram em 1400% apenas nos últimos dois anos. Fome, sem tetos e todos os males associados.

A Espanha, que ainda não se rendeu completamente, vive uma situação explosiva. Em cinco anos a dívida pública explodiu saiu de 376 bilhões Euros em 2007 para 882 bilhões Euros em dezembro de 2012, a relação PIB x Dívida que era de 36,7% saltou para 84%, neste período. Apenas em 2012, o ano da “Austeridade” de Rajoy, a dívida aumentou incríveis 146 bilhões de Euros, ou 20% a mais. Num ano em que as despesas de Saúde e Educação sofreu um corte de 38 bilhões de Euros, o Estado assumiu as obrigações privadas, como as dívidas dos bancos falidos, fazendo explodir a dívida pública. O gráfico abaixo do El País representa a evolução da dívida Espanhola:

Os detalhes escabrosos destes número você pode ler no link do El País de ontem sobre a evolução Dívida Pública da Espanha . Muito além dos números, está a vida da pessoas, ou a tragédia do empobrecimento generalizado, mais de 400 mil casas e apartamentos foram retomados pelos bancos, a grande especulação imobiliária que tinha feito da Espanha um canteiros de obras, hoje é a imagem do desastre. Cinco milhões de desempregados, numa população de 45 milhões de pessoas, ou  mais de 25% da população apta ao trabalho, entre os jovens mais de 50% de desempregados. Uma geração perdida, mais de 1 milhão de espanhóis deixou o país nos últimos dois anos.

Os crimes da Austeridade vão perdurar por quanto tempo? Quando haverá reação? Pode haver um mundo diferente? São perguntas que faço desde quando comecei a escrever esta série, cada dia, com menos respostas. Que mundo difícil!!!!

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