Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O Inverno Político da UE

690: Crise 2.0: O Inverno Político da UE

 

Mais miséria em Portugal e na Europa – Foto :  RAFAEL MARCHANTE (REUTERS)

 

O inverno se aproxima, no já gelado outono europeu, com ele uma preocupação ainda maior, como enfrentar uma época tão complicada e que mais castiga a sobrevivência das pessoas. As grandes decisões econômicas foram adiadas ao extremo, em alguns países, como Espanha e Itália, agora o gelo e a neve os assustam.  Aqui, na série sobre a Crise 2.0, serve como ponto de debate ao que acontece na economia mundial e seus desdobramento mais cruéis, quando atinge a dignidade humana.

As políticas de Austeridade impostas pela Troika, como na Grécia e Portugal, países que perderam o restante de sua soberania, efetivamente assusta Espanha e Itália, mas o caminho rumo ao pedido de resgate parece inadiável, o jornal El País, fez um editorial exigindo que Rajoy, o governo da extrema-direita espanhola, pare de enrolar e peça de uma vez o resgate, enquanto ainda pode “negociar” alguma coisa, não podia ser mais explícito, quando contata que  “o custo de financiamento da dívida pública e sua consequência natural, o custo de financiamento da dívida privada, constituem hoje o estrangulamento principal da economia espanhola”.

O país está na lona, quanto mais adia mais piora sua capacidade de sobrevivência, num círculo vicioso que piora não apenas as perspectivas para 2013, mas começa a apontar para a continuidade em 2014, 2015, o que segundo o El País, seria “em resumo, adiar o pedido de resgate equivale a condenar a economia espanhola a uma recessão prolongada e dolorosa.” A perda de soberania já se deu de fato, quando se foi à Zona do Euro, o jornal afirma por fim:  “Sempre defendemos que tudo isso (a ajuda externa) não pressupõe de modo algum perda de soberania, e sim o exercício compartilhado desta, em um contexto de crescente integração europeia. O que não é aceitável é adiar a recuperação econômica e contribuir dessa maneira para o sofrimento social, com mais desemprego.”

A reação de Rajoy, hoje, foi mais uma vez renegar o pedido de resgate, até me contradição ao seu principal ministro, Luis Guindos que no início da semana, falou abertamente que o resgate estava próximo. Pode ser que Rajoy, apenas esteja escondendo as cartas, mas suas falar parecem de um alienado, ou de alguém que não tem a menor sensibilidade social, como demonstra no El País de hoje: “Há muitos irritado espanhol, desgostoso com o governo”, reconheceu, enquanto defendia suas ações. Sem elas, ele disse, o futuro do país seria “muito incerto”. Ora, ora, mais incerto do que se tornou é impossível, ou seja, um ano de governo perdido, jogado fora e o país muito pior, este é o resultado.

A Itália mergulha numa disputa insana, como já falamos aqui esta semana no artigo Crise 2.0: A Volta de Berlusconi, a Morte da Política, todo um setor da Direita e da burocracia da UE e, mais, os banqueiros passam a defender Monti, como continuidade, refreando a volta de Berlusconi, é um desastre atrás do outro, a Itália virou refém do bufão ou de um burocrata obscuro, inepto como Monti. Parece que não há uma alternativa à esquerda, viável e sólida que possa voltar a pensar o país como berço da política, das decisões europeias, uma lástima.

Fome, Frio e Miséria na Grécia

 

Aumentam as filas de distribuição de alimentos na Grécia Foto: Y. B. (REUTERS)

A Grécia tem um cenário de inverno, no norte do país, que pode virar uma calamidade, sem calefação, sem dinheiro para alimentar os aquecedores, o frio intenso ameaça congelar as pessoas, um post do blog Internacional do El País com título ” Ruínas Gregas” da jornalista Maria Antonia Sanchez-Vallejo, mostra o tamanho do desastre. É desolador, nas palavras dela: Mês e meio antes do inverno chegou, no início de novembro, a temperatura na maior parte da região de repente caiu 10 graus, também a primeira neve caiu. No quinto ano de recessão que vem será o sexto, as dificuldades da crise conspira com o clima severo para pintar um quadro de miséria física, pura de temor. O petróleo aumento 40% e a renda caiu 50%, uma combinação que afasta as famílias mais pobres do uso dos aquecedores. É o resultado triste e trágico da Austeridade.

Para fechar o cenário, Portugal vive, aquilo que o El País, apropriadamente denomina, “O recorte permanente”, depois de receber 78 bilhões de Euros em 2010, mas efetivados em Abril de 2011, o Governo de Direita de Passos Coelho eleito logo a seguir virou um mero executor das ordens da Troika, já cortou o 13º salário, aumentou impostos, fez programa de privatizações, cortou os benefícios de saúde e educação, diminuiu as aposentadorias, mas nada faz a economia voltas aos eixos. O país vive assombrado a cada visita das “missões da Troika”, o governo entra em pânico. Agora a última exigência, reduzir a indenização por demissão de 20 para 12 ou 8 dias. O governo anunciou ontem o corte para 12 dias, mais pauladas nas costas dos trabalhadores portugueses.

No frio inverno europeu, é a política e economia, mais do que o clima, que assombra os países em crise.

 

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