Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: BCE impõe o Resgate

556: Crise 2.0: BCE impõe o Resgate

Draghi: Peçam o resgate ou morram!

 

Depois das bobagens ditas por Guindos, o Ministro da Economia e, acreditem, da Competitividade, relatadas no post Crise 2.0: Guindos, O Lunático Espanhol, o dia tem se mostrado animado em Madri, fazendo que nos mexamos, aqui na série sobre a Crise 2.0, para acompanhar todo o desenrolar dos fatos. Agora a pouco, duas conferências de imprensa simultâneas, uma de Merkel e Rajoy, em Madri, a outra de Mario Draghi, anunciando seus planos de recompra dos títulos de Espanha e Itália.

 

Apesar de distantes, o tema é o mesmo, a questão crucial que abala o Euro, a crise das dívidas públicas. Na conferência de Madri, Merkel deu um show de cinismo, elogiando a Espanha, de que seu estava “impressionada” com o “ritmo e a consistência das reformas”. O medíocre líder da Direita religiosa radical, convertido em Presidente da Espanha, Mariano Rajoy, não se fez de rogado, diante de sua mestra e dona, lhe disse que sua “agenda reformista é o selo de garantia para que receba um resgate suave”. Desde maio, quando a economia mergulhou no caos, insistentemente Rajoy vem pedindo resgate suave, que a Espanha, não pode ser tratada como os outros, revelando a histórica arrogância que caracteriza o país.

 

Merkel cumpriu o papel de dizer qual o real alcance do resgate, a peça de teatro foi ensaiada, a Dona da Europa visita seu Sátrapa, num aparente “prestígio”, e não longe dali, o feitor expõe o verdadeiro plano. Mario Draghi, Presidente do BCE, uma parte do tripé que compõe a Troika (FMI, BCE e Comissão UE), fez sua conferência de imprensa iniciando logo com uma ameaça: Exigiu que Espanha e Itália pedisse Resgate, não se preocupando em dizer se será Suave. Porém, ao contrário das outras vezes, apresentou o seu plano de ajuda, mas disse que as obrigações de contrapartida devem ser obedecidas, que os países terão que acatar.  Como informa o El País:  “O euro é irreversível”, disse o presidente do BCE sem corte. “Os medos infundados sobre a irreversibilidade do euro são apenas isso, medos infundados”.

 

Em síntese o BCE irá comprar os títulos da dívida espanhola e italiana de curto prazo, de 1 a 3 anos, o que já vinha fazendo até o agosto de 2011, mas abandonou a prática para tentar as duas QE ( emissão de moedas) de Dezembro/2011 e Fevereiro/2012, cujo objetivo era que os bancos provados recomprassem tais títulos, o que se mostrou um fiasco. Os 800 bancos privados, receberam um trilhão de Euros, apenas entesouraram ou, no máximo, compraram título a juros negativos da Alemanha e de baixos juros da França, ignorando os países realmente quebrados: Espanha e Itália.

 

Pela nova regra, o BCE vai resgatar diretamente, o que na prática significa um novo QE, a recompra de títulos dos dois países, segundo Draghi não tem limite, o que parece irreal, mas uma projeção para rolagem de dívida, não será menor do que 500 bilhões de Euros, os mais pessimistas falam em um trilhão. Na última reunião do G 20, o FMI tinha criado um fundo de ajuda de 456 Bilhões de dólares, justamente para este tipo de resgate. A oposição a um resgate amplo via BCE, conta com a oposição da Alemanha, mas o buraco total com a queda de Espanha e Itália pode levar os demais países ao caos. A visita de Merkel suas declarações da semana passada elogiando as reformas na Itália, hoje, as da Espanha, sugerem uma “aceitação” dos alemães.

 

A questão que persiste: Quais as condições impostas aos dois países por este resgate? Nos três anteriores – Irlanda, Portugal e Grécia – a Troika passou a governar na prática estes países, a perda substancial de soberania, as visitas dos emissários da Troika causam pânico. Houve ruptura dos mandatos, com novas eleições, no caso extremo, da Grécia, um governo biônico foi imposto, até novas eleições. Na Itália, já estar sob intervenção, Monti, é um Primeiro ministro biônico, mas deve impor novas eleições. O caso espanhol é mais grave, as eleições foram a menos de um ano, mas as províncias que pediram resgate, foi exigido que fizessem novas eleições, será o caso nacional?

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  1. Creio que no 25 de setembro haverá muita gente nas ruas, é claro, acampamentos nas principais praças das cidades, discursos inflamados, escaramuças com a polícia, jatos de água nos manifestantes, e tudo o que já temos visto. E como já temos visto também,enquanto isso os donos da economia e do país, Troika incluso, vão armando o que lhes convem, sem se importar com o que está acontecendo nas ruas. Depois de alguns dias tudo volta ao “normal”. Não tenho tanta intimidade com a política espanhola, mas não me parece haver lideranças capazes de estar à frente de levantes ou grupos realmente com forças para se contrapor a esta situação.

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