Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O Resgate "envergonhado" da Espanha

528: Crise 2.0: O Resgate "envergonhado" da Espanha

 

Rei e Rajoy,com pesar, anunciam ajuda aos desempregado(Foto BALLESTEROS (EFE))

A desoladora situação espanhola já amplamente discutida aqui série sobre a Crise 2.0,  no final de julho reuni num post o conjunto de análises sobre a Espanha – Crise 2.0: Espanha em Chamas – um Roteiro, mas não se completa o quadro, apenas dar uma visão geral da questão. As idas e vindas, o desenrolar frenético dos acontecimentos, nem sempre consigo escrever e debater os ricos fatos. Uma coisa que me deixou intrigado era saber por que a Espanha não caiu logo? Todos os elementos da crise geral do Capital e da específica, Crise da Dívida estavam presentes, mas não se chegava ao final.

 

Ontem li um grande artigo do jornal Valor Econômico, escrito por Clauda Safatle, que historiou  a crise das dívidas da América latina, resolvi publicar integralmente, com apenas um pequena introdução no post Crise 2.0: 30 anos da Crise das Dívidas da América Latina. Ali percebi que os acontecimentos frenéticos daqueles anos nervosos, 1982 e 1983, são extremamente parecidos com o que aconteceu com Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha, até os personagens são os mesmos (FMI), assim como as soluções sãos as mesmas. Mas também ali, podemos notar, que não se chegou ao extremo, pois um sofisticado jogo de gato-rato se estabeleceu por meses.

 

Quando se tinha certeza que o Brasil falira, um pequeno empréstimo adiava ou melhor prolongava a dor, parecia uma brincadeira sadomasoquista, mas ninguém deixava o jogo. Até as primeiras cartas de intenções com o FMI foram sabotadas, ambos os lados sabiam que nada daquilo era real, ninguém cumpriria o que se escrevia. Foi exatamente isto que passei a perceber que tanto Grécia, como Espanha, estão na mesma situação, que se encontrava México e Brasil. O fundo do poço é sempre mostrado por um lado e pelo outro, para pressionar uma saída, mas digna, como disse Delfim Neto :” Só quando se está no abismo é que aparece uma melhor solução”.

 

Para minha surpresa, hoje, uma matéria do El País, demonstra claramente, como o jogo está sendo jogado. O BCE, autoriza saques da banca espanhola, para que ela não quebre, Paul Volcker do FED, fazia isto com o Brasil, mas de maneira “informal”, com dinheiro do FED, ou do Tesouro ou dos bancos privados, malandramente de vez em quando, alguém dizia que não daria mais dinheiro, apenas para “esticar a corda”. É mais ou menos como vem “toureando” a crise da banca espanhola, Mario Draghi, às vezes diz que “não vai salvar estado, não é função do BCE”, depois diz o contrário “faremos tudo para salvar o Euro”. Agora entendo o peso de cada frase.

 

Em apenas um ano o BCE permitiu que os bancos espanhóis sacassem 376 bilhões de Euros,, somados ao montante anterior, chegou ao rombo de 402 bilhões,  isto significa 175% a mais que o pacote de “salvamento” grego, que em tese deu 240 bilhões de Euros. Estes saques do BCE, podem ser visto melhor visualizado no gráfico do El País:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Este valor está em linha com os saques, ou sangria de Euros dentro da Espanha, a desconfiança geral fez com que neste mesmo período saísse do país, cerca de 300 bilhões de Euros, 20% do PIB, aqui visto como “fuga de capitais”. Agora a equação “fechou”. Mais crítico ainda, esta tomada, com juros baixos(0,75% ao ano), em tese deveria ser para recompra dos títulos espanhóis, já super valorizados, com prêmio de 2,6% em três meses. Mas, nem assim a “patriótica” banca espanhola se comportou, prefere aplicar “fora” do país, que tenham títulos mais “confiáveis”. É uma tragédia.

 

Como diz o jornal espanhol: “De acordo com dados do balanço de pagamentos útlimos publicados pelo Banco de Espanha, fuga de capitais ao exterior a partir de Espanha aumentou em maio, após a eclosão da crise Bankia. E não só pelos movimentos de investidores estrangeiros, uma vez que os bancos espanhóis  optou por investir seu dinheiro em outros mercados interbancários”. A decadente burguesia espanhola, seus bancos e empresas, se lixam para o destino do país, usam a “bandeira” para captar dinheiro barato, que deveria servir para baixar o prêmio de risco e os juros, mas ao invés disto, busca “oportunidades” mais seguras e rentáveis. É caótico e desolador.

 

Para fecha a sessão da vergonha alheia, hoje, Rajoy e o Rei, símbolos da extrema-direita e do fracasso do país, anunciam que vão “ajudar” 200 mil, do 5 milhões de desempregados com 400 Euros, para evitar “mais miséria”.

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