Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Espanha, Miséria nas Ruas

485: Crise 2.0: Espanha, Miséria nas Ruas

O retrato da Crise na Espanha - casal na rua - Foto: Samuel Sanchez/El País

 

Incrível como em menos de 4 anos a pujante economia européia, que elevou países como Espanha e Portugal ao topo de consumo e bonança, agora retroceda em quase 40 anos. As imagens e reportagens que tenho lido e comentado sobre Grécia, Portugal e agora Espanha, demonstram a decadência avançando impiedosamente, aqui na  série sobre a de Crise 2.0, tratamos deste problema algumas vezes, mas hoje uma longa reportagem do El País me deixou perplexo com que velocidade se transforma riqueza em miséria.

 

O título “Pobre pode ser qualquer coisa, ou quase”, já demonstra a crueza da questão da pobreza na Espanha, escrita quase com vergonha, mas de forma bem objetiva com números espantosos, vamos comentar alguns trechos: “Mais e mais. Uma multidão silenciosa e muitas vezes despercebida. Eles são vítimas de pobreza . Ela cresce numa crise sem fim e se instala como normalidade. O desemprego, que dilacera 5,6 milhões de pessoas , é uma aresta de corte que afunila. As contas continuam os subsídios são cortados, estão esgotados como economia e emprego não aparece. O telhado está em perigo. O desaparece.

A casa de familiares e apartamentos compartilhados, nos pior caso a rua como abrigo, em apuros, vida suspensa em precária desmarcada extensão e que a falta de redes de apoio como a família, leva a exclusão social. A descida estar a aumentar rapidamente, dizem os especialistas, como num tobogã que ganha velocidade e que parece um número crescente de pessoas. Existem abrigos com listas de espera”.

 

As cenas de miséria começam a fazer parte da “paisagem” das grandes cidades espanholas, torna visível o fracasso do país, esbofeteia a cara dos governantes, como bem diz as contas dos pobres vencem e os subsídios o governo corta,mas inversamente continua a dar aos banqueiros, aos mesmo tempo que corta mais os programas sociais que salvariam, ou amenizariam a fome que assola o país. Recentemente o Medicanazzo cortou subsídios aos remédios, para economizar 44o milhões de Euros ano, o Sistema de Saúde Público tem piorado o atendimento continuamente nos últimos dois anos, com uma queda vertiginosa neste anos, devido aos cortes.

 

“Espanha 2012. Mais de 5,6 milhões de desempregados e dezenas de milhares de telhados destruídos pelo furacão da crise. Mais de 300.000 execuções hipotecárias, que começaram nos últimos cinco anos, muitos dos quais levaram a despejos, somados aos mais de 100 mil, àqueles, motivados pelo não-pagamento do aluguel.  … Os números têm rostos por trás e um gatilho comum: a perda de renda, no início do Queda”.

 

A reportagem traz como exemplo uma casal, John e Carmen, que voltaram dos EUA em 2005, abriram uma empresa, chegaram a ter 16 funcionários, compraram apartamento em bairro chique de Madri, mas perderam tudo, ela hoje come nos sopões de caridade e se diz perplexa: “Da noite para o dia parou tudo […] Nós tivemos que demitir funcionários, que eram como uma família. Demos-lhes a sua parte justa e um pouco mais. Saímos de um dia com as contas do Tesouro com a Segurança Social . Foram impecáveis ​​com todos … “. E sem um dólar no bolso”

 

O retrato da crise é a dissolução familiar, de um sonho, o filho do casal está detido numa fundação juvenil, por roubo, no desespero da situação. Carmen vive num albergue, o único que aceita mulheres, com mais 1200 pessoas, o marido vive trabalhando numa fazenda no campo, como forma de sobreviver. “No começo você acha que vai ficar louco”, diz esta mulher que sonha em deixar a Espanha para começar de novo com sua família para longe. “A coisa mais difícil de perder o padrão de vida é não ter um lugar apropriado, até mesmo um quarto”, comenta. Isso evitaria ter que passar o dia na rua: a pousada está fechada a partir de dez horas até seis horas. “Na minha situação você sofre muito, mas você aprende muito. As pessoas não devem esquecer que, por mais elevado que seja, ele pode cair lá embaixo. Somos todos seres humanos e isso pode tocar em ninguém “, recapitula.

 

Outro casal, que traz na reportagem é formada por Jéssica, uma argentina com cidadania espanhola e seu marido o grego Anastasio, que vivem nas ruas, dormem em caixas de papelão e usam computadores da biblioteca pública para enviar currículos para buscar empregos, cada vez mais difícil, mais ainda para “estrangeiros”, mesmo ambos tendo passaporte europeu.“Mando 300 e, esperamos, conseguir uma resposta”, explica Jessica.Eles também cobram o telefone lá: você tem que tê-lo pronto para o caso, por meio da chamada, vem a esperança. A esperança de que “mais se perde a cada dia.”

 

A miséria atinge a classe média e baixa, diploma superior não seve mais como atração ao emprego:  “As pessoas que vêm não são prejudicados. Eles são homens de média e baixa classe média, preparados para trabalhar e perderam seus empregos “, descreveu Rodriguez, um universitário que vive num abrigo e que estuda sueco, para tentar ir embora. Os grupos de apoio aos miseráveis estão espantando com o aumento e a velocidade de novos membros deste contingente nas ruas e albergues, que já não têm vagas. “Uma geração é deixado de fora “, diz Pedro Cabrera, especialista em estrutura de pobreza e exclusão social na Universidade de Comillas. Um diagnóstico “terrível” da situação: “Temos um imposto regressivo, pela política de austeridade se cortaram os serviços sociais, que não era menos favorecido, e pior o mercado de trabalho não responde a milhões de pessoas.”

 

“Assim, os novos pobres, além de veteranos, porque mesmo nos bons tempos Espanha não erradicou a pobreza, o que não é monopólio de párias, mas gera uma enorme exclusão social. “Ela nunca foi inferior a 20% a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza [ganhando menos do que 60% do rendimento mediano]. Estamos agora em 23% “, diz Cabrera(pesquisador . A Recessão não é a única fonte desta: também os baixos salários, os trabalhadores pobres que acreditam que ele qualifica. “Dos 100 funcionários, 14 são pobres. É algo que aconteceu antes da crise, mas o fenômeno ampliou o setor de serviços [que gera mais emprego]. “Além disso, os cortes na política social reduz a possibilidade de mitigação dos efeitos da crise econômica sobre os cidadãos mais desfavorecidos. “Ainda tem o silêncio das autoridades diante da situações de vulnerabilidade social e o ” não há dinheiro “, reclama Sonia Olea, gerente de programa da Caritas de habitação e a falta de moradia Espanha”.

 

Pouco ou nada há o que falar, a realidade é cruel demais, se arruma dinheiro para os banqueiros corruptos, os verdadeiros PAIS da Crise, mas se pune os trabalhadores e o povo por ter acred
itado que o país estava bem e poderia partilhar da riqueza que juntos construíam, tudo foi por água abaixo, mas apenas o grande Capital se salva. Mas a que custo?

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0 thoughts on “485: Crise 2.0: Espanha, Miséria nas Ruas”

  1. É uma loucura tão profunda que eu custo a entender (como a daqueles americanos médios que têm dívidas impagáveis no cartão: a operadora é louca de dar crédito ilimitado e o cliente é insano de usá-lo todo…). Não consigo entender que se siga tão cegamente o canto da sereia.

  2. Fora do Brasil as pessoas se arriscam numa velocidade incrivel, lembro que em 2007, eu já tinha minha empresa a 5 anos, e enfrentava alguns problemas de falta de crescimento, a Ana clara estava para nascer, eu precisava ter segurança pois minha pequena viria a esse mundo e precisava crescer de alguma forma.
    Eu pagava aluguel, o governo federal tinha lançado o Construcard, decide conversar com meu sogro construir lá mesmo e sair do aluguel, pois se o crescimento não viesse pelo menos onde ficar eu teria e caso não conseguisse honrar com o investimento a divida era com o governo.
    Construir, mobiliei e pago o construcard, valores menores do que gastava com aluguel.
    No mesmo ano, decidi alavancar os negócios, abri a loja para comercializar, tudo corre bem até final de 2010, qdo percebi que meus principais cliente, TRADING de comercio exterior começaram a reduzir funcionários e comprar serviços remotos.
    De lá pra cá o faturamento meu e de amigos do setor de serviço e vendas de rua tem caído vertiginosamente.
    O que quero dizer é que aqui temos cultura muito diferente deles, assim sempre buscamos uma garantia a arriscas muito, veja bem, como prestador de serviço, caso uma crise assole o país posso até ficar com fome, mas terei onde morar. Acho que isso no brasil é bom, mas conheço muita gente caso não consiga pagar hipoteca vai ficar dificil.

    Sei lá se me fiz entender, rsrsr

    1. Entendi muito bem. Agora, o que me preocupa mesmo é que meu edredom de microfibra, meu celular e minha pistola de cola quente sejam made in China. Isso é sério pro Brasil. Ontem estreei um abridor de tampas que ganhei de presente da minha amiga Ana e fiquei toda feliz porque é fabricado no Brasil (da Tramontina). Mas quantos podem se segurar assim na indústria, mantendo produção e empregos? Isso é tenebroso de preocupante. Uma trading reduzir custos e demitir em fase de importação galopante é simplesmente traição.

  3. Não sei não, não sou economista nem financista ou outra coisa que o valha, tenho um aguçado senso de observação que graças a ele sou muito criticado por ser simplista. O mundo é simples nos é que complicamos. Vejamos o porque; Recebi de um amigo que esteve na Espanha um imã de geladeira do Barcelona Futebol Clube, time milionário e com certeza sem amor pela sua nação,pois o tal imã estava registrado assim Made in China.
    Uma maquineta para imprimir esta bugigangas poderia estar dando alguns euros para uma família espanhola. Estou errado? Agora leve esta situação para o macro, o que achas?
    Ta ai meu recado.
    Tchauuu

  4. Estive na Espanha e Portugal 3 vezes em turismo, sendo a última em 2004 com minha esposa, e senti o quão arrogantes e prepotentes estavam essas nações.Quando as pessoas descobriam que éramos brasileiros, nos tratavam com enorme indiferença, se sentindo cidadãos ricos da nova Europa do Euro. Várias vezes tivemos que dizer que éramos turistas, porque pensavam que éramos clandestinos a procura de melhorar de vida na terra deles. Na última vez quiseram nos barrar a entrada no país pelo Aeroporto de Barajas. Só nos liberaram, porque provamos que tínhamos condições financeiras de nos manter lá o tempo que fosse necessário. A Espanha merece ser visitada, mas somente por suas cidades históricas e natureza geográfica maravilhosa. Agora a situação deles se inverteu e eles veem para nosso Brasil pedir emprego, e continuam de nariz em pé. Não tenho pena dessa gente. ,

  5. Espanha…Era uma ditadura lascada do Franco, ficou rica com o Euro, não soube segurar a oportunidade, e por culpa do Govrno, dos Bancos e mais ainda da maioria do povo, que se sentiam verdadeiros reis da opolência e prepotência, agora estão na miséria novamente. Pena que o Brasil ainda mantém a porta escancarada para a entrada dessa gente que tem como rei, um entusiasta impiedoso que adora caçar e assasinar pobres e indefesos Elefantes em seus safaris pela Africa, isso sem falar da cultura maior, que é matar inocentes e desprotegidos touros,nas tais “PLAZA DE TOROS” em que o povo fica louco e em extase quase irracional, quando vê o touro caído sem forças e seu sangue derramado na areia.

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