Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Espanha sob Intervenção da Troika?

483: Crise 2.0: Espanha sob Intervenção da Troika?

 

Manifestação dos Mineiros contra os Cortes, duramente reprimida - Foto:ULY MARTÍN/El País

 

No artigo anterior, Crise 2.0: A Espanha Entregue, aqui série sobre a de Crise 2.0, tratou da questão espanhola, de como o Governo Rajoy mentiu, de que não teria obrigações do Estado, para que a Troika salvasse a banca do país. Com a publicação das exigências dos ajustes feitas pela UE num documento com 32 resoluções, expõe a dura realidade que a Espanha foi submetida. Por via tortas o país perdeu sua autonomia, ainda não é o cado de Irlanda,Portugal e Grécia, que abriram mão de qualquer poder local em nome da Troika, pois pediram resgate total, mas o caminho é bem próximo.

 

As medidas de mais um pacote de ajustes, que somam 65 bilhões de Euros, para o próximo biênio, combinado com o aumento de impostos, demonstram que a Espanha não tem mais governo próprio, hoje o El País, o maior jornal do país estampam o debate, de que o governo mentiu e que na prática abriu mão de sua autonomia. Como o PP, de Direita(comandado pelos extremistas religiosos), tem ampla maioria no congresso, recusa a convocação de seis ministros para que prestem esclarecimentos ao parlamento. Evitou, por exemplo, que Rodrigo Rato, um dos principais lideres da extrema-direita do PP, ex-Chefe do FMI e o homem que faliu o Bankia, compareça ao congresso. A situação política se complica.

 

As novas medidas de Austeridade aprofundam a crise Econômica, o prêmio de risco dos Yelds, títulos de 10 anos, esta semana chegou aos 7%, recuou ontem, mas hoje, depois do anúncio voltou a subir, a bolsa de Madri sofre enormes perdas. Nem o “Deus Mercado” acredita em Rajoy. O líder da oposição, Alfredo Perez Rubalcaba, do PSOE,disse que o Governo fracassou em todas as medidas adotadas, propõe que o parlamento crie uma comissão para apontar saídas “mais eficazes e menos daninhas” ao povo espanhol. Na regiões autônomas aumentam o clima de rejeição à Madri, pois não aceitam mais cortes.

 

Num artigo de mais fôlego no El País, O Professor de Economia da Universidade Autônoma de Madri, Emilio Ontiveros, faz uma dura crítica tanto ao atual governo da Direita do PP, como ao anterior do PSOE, em sua palavras “Desde 9 de maio de 2010, a essência da política econômica espanhola não é formulada em nosso país. As decisões anunciadas ontem pelo primeiro-ministro completou uma longa série de iniciativas que são incompatíveis  com a plataforma pelo qual o governos participou das duas últimas eleições. Esta é essencialmente imposições externas: contrapartes do apoio financeiro, e cometeram ou potencial da União Europeia. Exigências não são diferentes daqueles nos programas de resgate conhecidos até à data. Como aqueles aplicados nessas economias periféricas não são exatamente lisonjeiro para a recuperação a curto prazo do crescimento econômico e o emprego.Na ausência de uma significativa recuperação da demanda interna ou de nossos principais parceiros comerciais, tanto à frente trazer melhorias imediatas no saneamento das finanças públicas.

 

Diz sem meias palavras que PP não apenas não cumpre seu programa, a exemplo do PSOE, mas ainda aprofunda uma política que não é sua, levando o país ao precipício, tornando o ambiente econômico e politico irrespirável, pouco diferindo do que se fez nos outros países: “A análise completa do Memorando de Entendimento (Memorandum of Understanding – MoU) associado com o apoio aos banco, as restrições são muito sérias sobre a capacidade de ação das autoridades espanholas, exige uma redefinição funcional de responsabilidades e autoridade dentro de nossas instituições, o governo e o Banco da Espanha. Para questões que não cabem as restrições muito significativos sobre os processos de decisão, afirma que irá realizar a revisão trimestral da Comissão Europeia, o BCE e o FMI. A troika deve ser consultado sempre que surgir qualquer decisão sobre as empresas financeiras supervisionadas”.

 

A Espanha deixa de legislar e exercer autoridade sobre os seus bancos, que passarão a ser monitorados pela Troika, qualquer decisão deverá primeiro ter a aprovação dela. Um passo seguinte, que já ocorre nos países monitorados, é a perda da capacidade de emitir títulos do tesouro. Mas pela regra adotada,  Banco de Espanha sofre uma intervenção branca, no que concerne à administração dos bancos, dificilmente, em breve poderá per si emitir seus títulos, precisará do aval da Troika.

 

O ciclo se fechou, a combalida economia espanhola foi à lona, mas continua de pé, como se o lutador de box ficasse amparado pelos técnicos para apanhar mais. Nocaute técnico. Resta às ruas, como a resistência dos mineiros de carvão que ocupam Madri, enfrentando o violento aparato policial do Governo do PP.

 


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