Arnobio Rocha Política Economistas ou humoristas

307: Economistas ou humoristas

 

 

Tive a paciência de reler boa parte dos artigos dos dois principais analistas econômicos dos Sistema Globo, Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão. busquei os momentos cruciais de de 2011: A mudança da política do de juros, sua queda, pelo Banco Central, desde final de Agosto de 2011 e o fechamento do ano, em que apresentam seus balanços e perspectivas do ano vindouro.

 

Comecemos pelo que escreveram sobre a questão dos juros, aqui vale muito para saber o que ambos defendem, que tipo de país e construção de nação. A ideologia neoliberal, já derrotada, continua a permear suas pobres cabeças, nenhum esforço intelectual se percebe no que fazem e escrevem, sempre o mais do mesmos. Leiamos:

 

Sardenberg

—Cortar juros? Ótimo. Mas a coisa só funciona com determinadas condições, que não são simples—-

Reduzir juros, sendo ou não a opção correta de política monetária, é sempre uma boa jogada de propaganda e marketing. Tem todos os ingredientes para um discurso tipo pobres contra ricos, trabalhadores contra os que vivem de renda e empresas que geram empregos contra banqueiros sanguessugas.

Ficamos assim, portanto: a presidente Dilma cancelou, na prática, a autonomia do Banco Central e levou-o a reduzir juros contando com um ajuste fiscal futuro e duvidoso.
Um baita risco. Ela simplesmente pode colher inflação elevada e crescimento raso, uma bomba política e econômica. Terá ela tudo planejado ou está seguindo assim no vai-da-valsa?

Publicado em O Estado de S. Paulo, 05 de setembro de 2011

 

Miriam Leitão

 

Não faz sentido reduzir os juros agora. A inflação está em 7,1% em doze meses. Nos últimos 45 dias, desde a última reunião, uma cesta de commodities agrícolas para o mercado interno subiu 8%. Alguns produtos estão subindo em plena safra. Depois de cinco altas seguidas, o normal seria parar de subir para ver o efeito das elevações e estudar o mutante cenário externo.

Houve pressões explícitas, e o Banco Central cedeu. Tentou convencer que a decisão foi tomada de forma técnica. Não convenceu. A deterioração do quadro externo justificaria manter os juros para esperar para ver. Até porque, mesmo reduzindo o ritmo de crescimento do mundo, a inflação não está cedendo.

(…)

Os juros estão muito altos, o ideal é baixar os juros. Mas reduzir juros com inflação acima da meta e diante de pressões explícitas sobre o Banco Central é tiro no pé.

(O Globo 01/09/2011)

 


 

 

Francamente, eles não são economistas, estão mais para Humoristas, os dois são contra a queda da taxa de juros condenam o BC porque dizem que Dilma impôs a queda, de que ele perdeu autonomia, ora, quando os juros aumentam o BC tem autonomia, quando caí, perde? O intricado jogo de interesses dos grandes especuladores, muitas vezes é mais sutil, no caso dos dois, eles são trogloditas, atacam atavicamente a política econômica, numa rapidez que espanta.

 

Miriam escreveu um dia após o anúncio da queda da taxa de juros, e vai logo ao ataque fulminante, nem pensa, é a voz dos “mercados” que ela acha interpretar. Sardenberg é mais caviloso, sua coluna do 05/09, tenta iludir o leitor dizendo que queda de juros é bom, só exige momento certo, aqui não passa de jogada marketing. Ambos são incapazes de entender o todo, o que se passa fora do país, muito menos dentro do próprio país. Confiram as pérolas, 8 meses depois imagino a vergonha que é alguém ter escrito tamanhas bobagens.

 

Passaram os meses de outubro, novembro e dezembro no ataque, a cada nova queda de juros mais ataques, aí culmina quando fazem o balanço de 2011, importante ler e guardar cada frase, o ódio velado ao governo, o menosprezo aos avanços, a chacota que fizeram quando o Brasil se tornou 6ª Economia, como se isto não fosse nada, por aí segue o caminho da cegueira ideológica, travestida de “análise econômica”.

 

Sardenberg

sobre 2012

COMBINAÇÕES IMPOSSÍVEIS

Mantega promete o paraíso: juros baixos, inflação em queda e crescimento forte

O Banco Central está reduzindo juros e tomando medidas para facilitar o crédito. O Ministério da Fazenda estimula o consumo. Tudo porque, é o discurso oficial, há uma forte desaceleração na economia mundial, que empurra para baixo a atividade no Brasil. Nos cenários construídos no BC e no setor privado, o produto brasileiro deve crescer em torno dos 3% neste ano e no próximo. Para o BC, o crescimento baixo derruba preços, de modo que a inflação deve cair para a meta de 4,5%, medida pelo IPCA, no segundo semestre de 2012. Fora do governo, a expectativa é de uma inflação na casa dos 5% – mas subindo na passagem para 2013.
Nada disso, garante o ministro Guido Mantega. O Brasil pode e vai crescer 5% no próximo ano. E com inflação na meta.
Aí, não bate. Já está dado que o Brasil termina este ano com inflação perto dos 6% e crescimento de 3,5%, com sorte. Ou seja, o ministro está dizendo que, para 2012, o crescimento vai acelerar e a inflação, desacelerar. Não tem como. Nem manipulando índices e conceitos.

Publicado em O Estado de S.Paulo, 05 de dezembro de 2011

 

Miriam


Sobre 2012


As contas públicas do primeiro ano do governo Dilma são menos brilhantes do que parecem. Chegou-se a novembro com quase toda a meta cumprida. Ótimo. Os problemas são: essa não é a melhor meta; o ajuste foi feito com aumento da arrecadação e da carga tributária; os gastos comprimidos foram os dos investimentos; alguns gastos continuam não sendo contabilizados.

A comparação feita pelo Ministério da Fazenda com os países europeus para mostrar que o quadro fiscal brasileiro é bem mais favorável do que países como a Inglaterra é grosseiramente equivocada. Eles estão em crise e pioraram muito os dados fiscais A piora deles não torna o Brasil melhor, apenas relativamente melhor.

(O Globo 30/12/2011)

 

 

As notas ácidas de dezembro de 2011 refletem a profunda derrota que os dois colunistas sofreram durante estes últimos 9 anos, desde o início dos governos do PT eles sistematicamente anunciam o “Fim está próximo”, parecem aqueles pastores pregando o fim do mundo, o e mundo teima em não acabar. Uma dúvida persiste: Por que estes senhores continuam a escrever e ter gente que os pague para ouvir suas sandices?

 

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0 thoughts on “307: Economistas ou humoristas”

  1. Só pra esclarecer: a Miriam Leitão não é economista, fez curso
    superior de jornalismo na Universidade de Brasília. E o Carlos Alberto Sardenberg estudou filosofia e não se formou. Portanto, não tem nem curso superior, veja http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Alberto_Sardenberg, e http://pt.wikipedia.org/wiki/Miriam Leitao. O Luís Nassif também não é economista, é formado em jornalismo pela USP. São todos comentaristas econômicos. O economista, pelo que me consta, é Ricardo Amorim, do Manhattan Connection.

    Não é nada, não é nada, mas … é alguma coisa.

  2. É um espanto, é um ultraje. Espalham essas asnices por vários veículos e são levados a sério. Eles têm curso de economia? Nunca soube. Se tiverem, é pior ainda, seguem a mais abjeta das escolas. Paul Krugman pra eles deve ser um esquerdista safado, só levou o Nobel porque a Academia às vezes gosta de brincar, né?

  3. PASSO A PASSO CHEGAREMOS AO CUME DO MONTE
    AVANÇO RUMO A CONCRETIZAÇÃO DA DEMOCRACIA REAL
    Sou uma petista consciente, que não milita com o coração, por isso andei fazendo críticas à política econômica do governo Dilma, que, sem sombra de dúvidas, ainda tem um longo caminho a percorrer. Mas, dá um passo largo com a sua decisão de fazer os bancos estatais cumprir papéis que justificam suas existências. Voltados NÃO para atender aos interesses do mercado, mas aos interesses do povo brasileiro.
    Sempre ficou claro para mim que a maldita independência do Banco Central, estabelecida por FHC, cumpre o papel de defesa do mercado. Uma anomalia num regime político democrático presidencialista, em que o poder maior deve ser do povo, representado por seu presidente ou presidenta.
    A decisão acertada da presidenta Dilma está acontecendo com a implementação do programa “Bom para Todos”, do Banco do Brasil e “Caixa Melhor Crédito”, da Caixa Econômica Federal. Estratégia que, certamente, irá forçar a concorrência a também diminuir seus juros escorchantes.
    Para o mercado é fundamental um estado mínimo, sem força, incapaz, tão fraco quanto o povo que ele representa, para que possam prosperar os seus interesses escusos em detrimento dos interesses dos cidadãos.
    Não é necessário que o governo seja gigantesco. Penso que isso não seria saudável. Pois, quanto maior o estado é mais difícil de controlar, o que acaba favorecendo a corrupção. A história contemporânea está aí para provar isso.
    Entretanto, penso que é fundamental que em todos os setores estratégicos o governo tenha suas empresas, para fazer o contra ponto, e não deixar o povo refém do corrupto e imoral mercado. Um monstro pernicioso tanto quanto a inflação, com a sua sede de riqueza e poder.
    Claro que a guerra não está ganha, por isso vou insistir na sugestão que tenho dado, caso seja necessário conter o consumo: ao invés de aumentar os juros, que favorecem apenas o sistema financeiro, que tal incentivar a poupança, com juros atrativos, para os cidadãos que ganham, por exemplo, até 5 (cinco) salários mínimos? Penso que essa estratégia poderá ser mais um instrumento do qual o governo poderá se utilizar, para promover uma distribuição de renda mais justa, e, assim, reduzir o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, que ainda existe.
    Já os recursos captados devem ser investidos nos setores de interesse de todos, como, por exemplo, na reforma agrária.
    OUTRAS SUGESTÕES PARA O AVANÇO NECESSÁRIO:
    • Condicionar a concessão de incentivos, recebimento de verbas das estatais e participação nas concorrências públicas, para a realização de obras e serviços do Estado, que as empresas concorrentes concedam participação nos lucros aos seus empregados.
    • A tecnologia deve servir para melhorar a vida de todos, e não apenas de setores e cidadãos privilegiados. Por isso defendo a redução da carga horária de trabalho, para que o trabalhador também possa usufruir dos avanços tecnológicos, e não apenas os patrões.
    • O governo deveria limitar a entrada de produtos chineses no Brasil, pois em seus preços estão embutidos o sangue e o suor das vítimas da neoescravização. Não almejo esse “desenvolvimento” para o nosso país.

    ***************************************
    Antes da última sugestão, uma crítica:

    • Na condição de aposentada, venho manifestar o meu desagrado com o fato dos valores das aposentadorias estarem cada vez mais achados.

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    No Facebook:http://www.facebook.com/EsterNeves
    No Twitter: @EsterNeves1949

  4. É um ambos de idiotas, tanto o Carlos Sardenberg como a Miriam Leitão que são pagos para falar um monte de asneiras a serviço do capital financeiro. Sou economista e repudio tudo o que esses dois dizem. Não entendem de economia e só mesmo uma empresa golpista como a Rede Globo para mantê-los no ar brandindo babaquices.

  5. Olá, Arnóbio! Fiz pior, li um livro do Sardenberg “Neoliberal, não. Liberal”. Às vezes, sou masoquista! rs Concordo com o amigo economista que comentou, é muito triste ter me formado num curso tão difícil, uma ciência com tantas possibilidades e ouvir charlatões reducionistas de teorias tão complexas para atender seus próprios interesses. Só nos resta lamentar!

  6. Excelente, você ter guardado os comentários e aguardado para ver quem estava certo.
    Eu acompanho os dois colunistas e realmente suas previsões catastróficas nunca se cumprem. O Banco Central acertou em cheio ao argumentar que a crise européia iria piorar, que a queda dos juros seria uma forma de se proteger contra os efeitos e que previa queda da inflação mais a frente. Decisões e previsões todas certas.
    Os colunistas insitiram em duvidar e depreciar a capacidade de Alexandre Tombini e equipe. Ao contrário do que o grosso da mídia e os colunistas citados pregam, parece que a direção atual do BC toma suas decisões mais técnicas que idelógicas. Aliás, a direção anterior é que tomavam as dela movida por ideologia mercadista.

  7. Como o William Waack que também não é economista, consegue ouvir e permitir no seu jornal os comentários incipientes do inespressivo Sarderberg, coisas da Globo.

    Como economista, possa estar errado, mas para uma economia como a do Brasil crescer tem que baixar juros, aceitar um inflação igual ao do crescimento e reduzir gastos públicos nas mesmas percentagens que será necessário reduzir a carga tributária; o resto é balela.

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