Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Tsunami Monetária

256: Crise 2.0: Tsunami Monetária

 

Foto de Antonio Cruz/ABr

 

No post anterior,  Crise 2.0: Especulando com Trilhões, da série sobre a Crise 2.0 analisamos de forma detalhada os trilhões que inundam a Economia Mundial, na verdade sintetizei os últimos posts que tratam dos trilhões, para melhor debater a questão da intervenção do Estado na Economia via ação dos BC’s, em particular o FED e o BCE, naquilo que se convencionou chamar de “Tsunami Monetária”, frase cunhada pela Presidenta Dilma Roussef.

Ali basicamente definimos que: “Mais uma vez assistimos ao espetáculo de hipocrisia dos acólitos neoliberais, que batem palma à ação dos BCs, escondendo que esta é uma operação do Estado para salvar os maiores especuladores, aqueles que atentaram contra a Economia, arriscando mais, tinham que perder, ao invés disto, são salvos pelo ESTADO, o ser que tanto desprezam, que bela contradição”. ( Crise 2.0: Especulando com Trilhões)

 

E fomos direto ao ponto: Neoliberalismo ou liberalismo é uma farsa, que só é prontamente desmascarado quando há uma grande crise, uma depressão econômica, toda a lógica de ataque ao Estado cai por terra, pois o velho Estado é o porto seguro que o Capital usa para salvar a si e ao seu sistema, toda velha ideologia é abandonada como se nada tivesse sido dito antes.

As milhares de páginas escritas durante o período de “glória” da ideologia sobre “fim do Estado”, são esquecidas como se nada tivesse acontecido, mas para nós que temos memória, esta coisa não pode passar impune, temos que constranger os ideólogos, os mitificadores, pois, em tese, apenas nos centros ricos a ideologia se quebrou, para os emergentes e em crise, ou em queda, como os PIIGS( Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e eSpanha), continua valendo as premissas neoliberais.

 

Risco de matar a Galinha dos ovos de ouro

 

(EFE)

 

Porém, mesmo entre o clube do Trilhão há divergência sobre a necessidade da “Tsunami Monetária”, segundo Estadão “O Banco de Compensações Internacionais (BIS, conhecido por ser o banco central dos bancos centrais) admite que o impacto para as moedas dos países em desenvolvimento deve ser reconhecido e afirma que há risco de uma nova onda de alavancagem no sistema financeiro. Enquanto isso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que a América Latina deve se preparar para um 2012 de forte e turbulenta entrada de capitais, colocando pressão sobre suas moedas”.

 

A alavancagem do Sistema Financeiro que redundou na Crise dos Subprimes, que contaminou de “lixo tóxico” os bancos levou-os à bancarrota, plenamente salvos com os trilhões que mencionamos no artigo anterior, mas mais uma vez estes mesmo especuladores são “estimulados”  a continuarem sua ciranda, com dinheiro recebido do BCE e do FED. A ação agora sai do centro e vem para os emergentes.

 

A reportagem dar conta de que “Desde janeiro de 2012, as moedas de México, Brasil, Colômbia e Chile têm estado entre as oito mais procuradas por investidores nos países emergentes. Com a nova injeção, a projeção é de mais problemas. “Há o risco de encorajar uma nova rodada de tomada de riscos e de nova alavancagem no sistema financeiro”, afirma o BIS, que chega a ironizar o fato de que o “trilhão se transformou na nova unidade de medida” das ações esperadas pelo mercado”.

 

Tanto BIS como FMI estão preocupados que seus agentes de mercado não matem a “galinha de ovos de ouro”, os mercados emergentes, com uma ação desenfreada de especuladores que vão afundar novos países. Mas é aquela fábula da Rã e do Escorpião, é da natureza do Capital, em particular o especulativo, matar quem o salva, mesmo que pereça junto. Leiamos:

“Na América Latina, 2012 seria mais um ano de pressão. Segundo a avaliação do FMI, o risco é de uma nova onda de fluxos de capital com o potencial de desestabilizar as economias da região”.

Mas, como vimos, sempre haverá um Bush/Obama, uma Merkel/Sarkozy para liberarem mais impressão de Moedas para os especuladores.Voltamos ao ponto: Esperar ética, moral ou qualquer ação racional do Capital é se iludir, enquanto houver fronteiras para romper e realizar seu lucro, ele irá fazê-lo sem se importar quantos morreram por conta disto.

 

Movimento que não ousa questionar a lógica desenfreada do Capital, sem questionar as bases do sistema, vira apenas ação moralista, importantes, mas sem êxito, sem qualquer resultado prático, a desilusão, em regra, leva à indiferença e a adesão cínica ao próprio Capital.

 

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0 thoughts on “256: Crise 2.0: Tsunami Monetária”

  1. Realmente a nossa imprensa é de amargar. Hj percebo a alegria do PiG ao repetir a resposta da Sra Merkel às críticas da presidenta Dilma. Lamentável essa torcida contra.

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