Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: Especulando com Trilhões

255: Crise 2.0: Especulando com Trilhões

 

 

Estes últimos temos apresentado aqui, na série sobre Crise 2.0 uma enxurrada de números espantosos que rondam a economia real ou à nuvem especulativa, mas que juntos dão um panorama exato de como funciona, ou não funciona a Economia Mundial, repassemos:

1. Crise 2.0: 50 trilhões Menores;

2. Crise 2.0: Chuva de Trilhões;

O Primeiro post dava conta de que a especulação em bolsas perdeu mais de 50 trilhões desde a quebra do Lehman Brothers, parece muito, mas se olharmos que o capital nas bolsas giram em torno de 480 trilhões ou 10 vezes a Economia real, percebemos que o tombo foi de 12%.

No Segundo caso, demonstramos o poder de fogo dos BCs em particular o FED e BCE, para mais uma vez demonstrarmos que a ideologia neoliberal é uma farsa, usada em particular para estrangular as economias dos emergentes ou dos países de economia periférica na Europa( Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda), exigem sacrifícios inacreditáveis destes, mas gastam trilhões salvanda a si e às parcelas capitalistas que controlam o Estado ( Grandes Bancos e grandes empresas, que em regra são controladas por eles).

 

8,8 trilhões para Especulação

 

Hoje temos mais um número gigantesco, somos apresentados o quanto de dinheiro que BCE e FED despejaram no salvamento da Europa e EUA: 8,8 trilhões, algo como 4 vezes o PIB do Brasil em 3 anos e meio. Uma injeção de Capital gigantesca totalmente fora do receituário de diminuição do Estado, de restrição fiscal, controle de emissão de moeda e outras tolices que são vendidas aos mais “pobres”.

A cara de pau não tem limite, segundo Estadão de hoje, os “Analistas na Europa chegam a sugerir simbolicamente Ben Bernanke (do Fed, o banco central dos EUA) e Mario Draghi (presidente do Banco Central Europeu) para o prêmio Nobel da Paz, por terem evitado um colapso das economias.

Sexta-feira, foi a vez do presidente francês, Nicolas Sarkozy, parabenizar publicamente Draghi pela atitude. Ontem, tanto o italiano quanto o americano eram pressionados na Basileia a dar uma explicação diante dos questionamentos de seus pares de países emergentes.”

Mais uma vez assistimos ao espetáculo de hipocrisia dos acólitos neoliberais, que batem palma à ação dos BCs, escondendo que esta é uma operação do Estado para salvar os maiores especuladores, aqueles que atentaram contra a Economia, arriscando mais, tinham que perder, ao invés disto, são salvos pelo ESTADO, o ser que tanto desprezam, que bela contradição.

Mas, não fica apenas nisto, estas novas injeções a juros quase Zero do FED e 1% do BCE alimenta uma nova ciranda especulativa, os bancos privados tomam estes trilhões e correm ao mundo em busca de taxas favoráveis de juros, como as do Brasil, Turquia, e outros para reinvestir e ter grandes lucros, atacando as moedas locais.

 

A quem serve o Estado Capitalista

 

 

Olhando mais detalhadamente, como são esta injeções de Capital, percebemos como são ações casadas entre BCs e Bancos Privados, estes quando em riscos são salvos, além de receberem o bônus de mais Capital para especularem. As dívidas dos países em crise recebem injeções de pagamentos com “descontos” que no fundo cobrem aquilo que efetivamente foi emprestado. Sigamos as palavras do insuspeito Estadão:

“Na semana passada, o Banco Central Europeu colocou no mercado US$ 712 bilhões em empréstimos de longo prazo. Em dezembro, foram mais US$ 658 bilhões.

Além disso, o BCE já gastou mais de US$ 220 bilhões na compra de papéis da dívida de países em dificuldades, como Portugal, Irlanda, Grécia, Itália e Espanha. A isso se soma quase outro US$ 1 trilhão na compra de ativos de bancos à beira da falência.

Fora da zona do euro, o Banco da Inglaterra injetou outros US$ 507 bilhões apenas para garantir a liquidez do sistema. Nos Estados Unidos, só na primeira rodada, o valor chegou a US$ 1,25 trilhão. Na segunda rodada, Bernanke ampliou os empréstimos em US$ 600 bilhões. O Banco do Japão já injetou US$ 690 bilhões em empréstimos de longo prazo, sem contar instrumentos de curto prazo e papéis da dívida”. (Estadão 05/03/2012 – Grifos meus))

 

Atentem para o que está grifado, 220 Bilhões para os países em dificuldades em contrapartida 1 Trilhão, 5 vezes mais, para banqueiros em risco. Somando população de Portugal, Grécia, Irlanda, Itália e Espanha:

Itália 60,3 milhões

Espanha 46 milhões

Grécia 11,2 milhões

Portugal 10,5 milhões

Irlanda 4,5 Milhões

 

Total 132,5 milhões de habitantes

Quantos banqueiros foram salvos? 100? Estes receberam 1 Trilhão. Assim não dá para esconder a quem serve o Estado Capitalista.

 

Mais ainda, são exigidos destes 132,5 milhões de habitantes sacrifícios imensos, a estes banqueiros além de serem salvos com 1 trilhão, eles novamente receberam direito de negociar apenas nestes 2 meses mais 1,370 trilhões de Euros que o BCE lançou e que 800 bancos tomaram para si.

 

Frau Merkel, Sarko e outros agentes do Capital impõem à Grécia um regime de exceção, mais de 50 mil gregos vivem como sem-tetos apenas em Atenas, nenhum banqueiro “à beira da falência” perdeu suas casas, propriedades, empregos ou créditos. É esta a democracia que querem?

A democracia que permite que o Ministro jogue Soduku ( Crise 2.0: Ministro Soduku) em pleno debate do resgate grego, ou que a maioria dos tecnocratas sejam ligados ao Goldman Sachs  e dirijam países, sem sequer ser eleitos, demonstra sua falência quase que completa.

 

 

 

 

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