Arnobio Rocha Literatura A saga da Bruxa Morgana e a Família Real

228: A saga da Bruxa Morgana e a Família Real

 

A SAGA DA BRUXA MORGANA E A FAMÍLIA REAL

 

 

A Saga da Bruxa Morgana e a Família Real

 

Em cartaz em São Paulo uma excelente peça da magistral Bruxa Morgana/Rosi Campos, cujo tema é a vinda da família imperial ao Brasil. Para nossa surpresa, a peça é muito mais do que isto, claro que rever Bruxa Morgana/Rosi Campos, que tanto encantou-nos e aos nossos filhos no maravilhos “Castelo Rá-Tim-Bum”, já valeria a ida ao teatro. Mas o texto de Alonso Alvarez avança muito mais e faz uma ode ao livro e à fantasia.

Alonso Alvarez trabalha um amplo espectro cultural com referência e reverência ao grande mestre Borges, a introdução na peça de elementos do escritor argentino é feito com rara felicidade. Num tempo de culto de bruxos e magia, aqui, o que se busca é o “Livro de areia”, um conto de Borges do livro sem começo nem fim, o mistério das leituras e encantamentos.

(Foto de Ary Brandi)

 

A vinda da Família Real ao Brasil é tratada com humor e ótima localização histórica, a figura de Mindlin grande bibliófilo brasileiro como protetor dos livros, em particular do “Livro de Areia” é outra ótima saca. O livro, que quase se perdera no incêndio após o terremoto que devastou Lisboa em 1755, é disputado por Wiloa(a ótima Suzan Damasceno) e seu serviçal Zilah( Majeca Angelucci) e os bruxos: Morgana, Eruditu, Divina e Mindlin, aqui denominado o Guardião dos Livros.

(Wiloa e seu serviçal Zilah, infiltrados na Real Frota, atrás do Livro de Areia – Foto Ary Bandi)

A saída de Portugal da corte fugindo de Napoleão é feita por uma grande esquadra, protegida pelos ingleses, e nos porões dos navios vem a Biblioteca Real, que aqui no Brasil no futuro será a Biblioteca Nacional. Viloa, mais uma vez vai tentar se apossar do livro, pois fracassara no incêndio, mas, mais uma vez os bruxos e o Guardião do Livros estarão à postos pra defendê-lo.

 

 

 

(Cozinha do Castelo da Bruxa Morgana – Foto de Ary Bandi)

Uma grande diversão, que pode ser vista e curtida desde crianças de bem pequenas, que se divertem com o cenário e cores, com os belos personagens. Também é muito apropriado, para adolescente que já estão familiarizados com a história do Brasil e terá contatos com novos e instigantes elementos, reais e fantasiosos. É uma peça que nós adultos nos divertimos com as ótimas piadas, músicas e as dicas literárias do autor. Enfim, programa excelente para todos os públicos. Vale demais assistir.

Pode-se fazer grande teatro com ótimas ideias, para os pequenos e grandes, é isto que temos nesta peça.

 

 


 

Um palavra a mais sobre Autor e direção

 

 

 

(Alonso e elenco, foto de Ary Brandi)

Alonso Alvarez é um fundador da mítica “Arte Pau Brasil” uma livraria física das mais descoladas de São Paulo nos anos 80 e 90, na época em que o Centro Cultural Vergueiro era um dos polos de cultura da cidade e o Bexiga era o bairro do agito. A Pau Brasil tinha dois espaços, um em frente ao Centro Cultural e o outro no café do Bexiga, ambos eram pontos obrigatórios de quem curtiu São Paulo. Das corridas entre um e outo local, Alonso escrevia seus premiados HaiKais, partilhando com Leminski a amizade e o gosto pela arte japonesa.

 

Capa

 

Além disto, quase todos dias escrevia apontamentos que guardava em sacolas para um dia publicar. Com o nascimento dos filhos, Alonso, resgata os rascunhos e publica o excelente livro infanto juvenil Borgeano O Encanto da Lua Nova, ele estar a nos dever mais volumes das aventuras daquela turma. Mais recentemente, via a prestigiada Editora Infantil Peirópolis, lançou o belíssimo livro infantil A Paixão de A a Z.

 

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A direção do espetáculo é da diva Christiane Tricerri, que é conhecida pelos belos espetáculos do Grupo Ornitorrinco, excelente atriz do teatro paulistano. A parceria com Alonso, levou-a à dirigir este grande elenco. Com muitos temas é preciso uma direção que amarre bem os pontos e torne coerente tão grande texto, sem dúvida Christiane Tricerri o faz com muita competência, fazendo do humor o fio condutor da peça, a interação com a platéia, os belos figurinos e músicas.

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0 thoughts on “228: A saga da Bruxa Morgana e a Família Real”

  1. Tenho guardados, aqui no meu baú de recuerdo um monte de cartões da Arte Pau Brasil, com bastante avareza, não dou para ninguém, rs. Bons tempos, bons livros…!

    1. Luzia,

      Estas coisas guardamos com o devido cuidado. Quando vim a SP, pela primeira vez, por uma coincidência, nosso grupo se encontrou em frente ao cultural Vergueiro, logo conhecemos a Arte Pau Brasil(1986). Depois vim morar em SP em 1989, por outra coincidência, conheci pessoalmente o Alonso em 2007
      Um marco sem dúvida na vida cultural de SP,

      Abraços,

      Arnobio

  2. Nossa, Arnobio, nem me lembrava mais da Arte Pau Brasil, menos ainda do Bexiga. Sua descrição daqueles tempos é ótima e imagino que o espetáculo seja muito bom também.

    Um abraço.

    Maria Cristina Bevilaqua

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