Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O Estado para nos salvar

221: Crise 2.0: O Estado para nos salvar

 

 

 

Acompanhar diariamente o que passa no mundo tem sido uma tarefa complicada, cansativa, mas muito prazerosa, esta série sobre a Crise 2.0 tem me ajudado demais a entender um pouco da realidade de vários países, mesmo à distância, também a conhecer as figuras proeminentes do pensamento econômico mundial, passei a ler com mais atenção Paul krugman e seu cortante humor, os refinados textos de Martin Wolf. Acompanhar com mais frequência as colunas de Celso Ming. Procurar neles e em outros mais informações relevantes na construção de uma atualização de um pensamento vigoroso, o de Marx.

 

Ideólogos Neoliberais: Os novos convertidos

 

 

 

Interessante constatar as mudanças de pensamento, inclusive de empedernidos membros do Consenso de Washington, como o Senhor Larry Summers que militou contra o Estado ativamente, mas que de repente, em Davos se converte a defensor do Estado. Passa a  pedir que o Estado redirecione o capitalismo, que o bem estar da população ( Educação e Saúde) seja o motor para um novo desenvolvimento. Ora, ora, ele  é o mesmo que tantos males causou aos países em desenvolvimentos com as receitas salgadas de privatizações e desmantelamento dos incipientes estados nacionais, agora aparece para pedir a volta do Estado? como se nada tivesse acontecido.

É preciso ficar atento, um falcão assim, não falar por si, grande interesses o acompanham, não é um convertido, mas as palavras dele faz parte de um novo esforço dos grandes grupos econômicos reinventarem o Estado e dele recompor sua taxa de lucro.  As questões apresentadas por esta imensa crise desafiam os grandes teóricos, os EUA o paraíso do liberalismo estatizou o sistema bancário, impôs uma série de medidas para que o sistema não evaporasse, gastou cerca de 5 trilhões em menos de 2 anos. Estatizou grandes empresas, como a GM, que é tem seu controle pelo Estado, na campanha dos Republicanos umas das bandeiras é privatizar a GM.

 

O poder dos BCs: A Força do Estado

 

 

 

Hoje lendo a coluna do Celso Ming verificamos o tamanho do rombo provocado pela crise, e o tamanho por outro lado do esforço do Estado para mudar o jogo:

“Quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) avisou que os juros ficariam próximos de zero não mais até meados de 2013, mas até o final de 2014. Indica que o dinheiro ficou tão abundante que seu preço (os juros) rasteja. O presidente do Fed, Ben Bernanke, planeja nova rodada de afrouxamento quantitativo.

Essa expressão do jargão financeiro surgiu em 2008, quando o Fed iniciou grande operação de recompra de títulos do Tesouro americano. Esse é um eufemismo criado para disfarçar “emissão de moeda”. Além do US$ 1,7 bilhão injetado na compra de ativos privados rejeitados pelo mercado a partir de 2008, o Fed fez duas grandes operações de afrouxamento quantitativo e, no total, recomprou mais US$ 900 bilhões em títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O Fed acumula hoje US$ 2,9 trilhões em ativos em seu balanço”. (grifo nosso)

 

Do outro lado do Atlântico a “Bazuca” também é assustadora:

 

O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, além de recomprar títulos soberanos num total de 213 bilhões de euros, criou nova linha de financiamento ilimitado para os bancos com prazo de três anos, denominada Operação de Refinanciamento de Longo Prazo (LTRO, na sigla em inglês), a juros de 1% ao ano. Por meio dela, colocou na economia outros 489,2 bilhões de euros no final de dezembro e já agendou repeteco em 29 de fevereiro, quando se espera dos bancos demanda equivalente. Somente nessas duas operações, o BCE poderá ter emitido ao final de fevereiro cerca de 1 trilhão de euros. Até lá, o total de ativos em seu balanço poderá ter saltado para nível acima de 3,2 trilhões de euros.

 

Só assim podemos entender o que está por detrás desta “conversão”, desta mudança de paradigmas dos ideólogos neoliberais, como o mesmo Ming entrega: “O objetivo desses grandes bancos centrais é evitar o colapso do crédito e impedir o naufrágio de um Titanic bancário, capaz de produzir um tsunami.

Não há sinal de que esse mundaréu de dinheiro provocará inflação. Nos países de economia madura, a atividade econômica passa por longa fase de dormência, como ursos ao longo do inverno”.

No fundo querem se manter na proa do controle das grandes empresas, taticamente hoje pedem mais Estado, assim como ontem pediam “menos Estado”. São os mesmos que defendem a democracia como valor universal, desde que ela ajude nos seus ganhos, mas não há pudor também em defender uma ditadura, quer seja política, que seja Econômica.

 

 

 

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0 thoughts on “221: Crise 2.0: O Estado para nos salvar”

  1. Essa “linhagem” saiu toda dos deptos de Economia de Harvard, Princeton, Yale, criadouros de vermes que nascem e vivem para estufar os lucros das grandes corporações.

  2. Lendo suas análises, percebo, como o mundo dá volta né? Ontem defendendo o mercado, hoje querendo que o estado assuma a condução da economia.

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