Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: um novo ciclo se abre?

197: Crise 2.0: um novo ciclo se abre?

 

(Marcio Pochmann – Pres do IPEA)

O Sr Marcio Pochmann, um dos mais brilhantes intelectuais e formuladores de políticas públicas do Brasil, que muito acertadamente preside o IPEA, ontem postou no Twitter, um curto pensamento, mas que diz muito do que venho escrevendo:

“Subida do Brasil no ranking mundial das economias revela transformação mais profunda no capitalismo global. A crise atual agiliza isso”.

Longe de ser uma ideia vulgar ou ufanista é apenas o reconhecimento de que a atual Crise 2. 0 vai mudar quase que radicalmente o mapa da Economia mundial, ontem comecei a escrever sobre este novo desenho, ver Crise 2.0: Um novo desenho econômico, em que faço um contraponto a um artigo do excelente Celso Ming, mesmo discordando muito dele, reconheço sempre sua capacidade e ótimos artigos.

Estas mudanças, assim como em 1929, tornam o mundo diferente do que conhecíamos de forma rápida e inesperada, atentemos que o Capital jamais “para”, a Crise de Superprodução, como bem define Marx ( Crise 2.0: Marx e a Crise ), é um início de um novo ciclo, mas quando a crise se prolonga, como as do Século XIX ou a de 29, se abre a perspectiva de uma revolução social, ou uma nova adequação do Capital.

Ora, se assim pensamos, afastada a possibilidade de uma revolução, sempre ressaltando que é minha visão, como será este novo desenho? A subida do Brasil neste ranking, mas não só a dele, a China acaba de ocupar o Segundo posto, ultrapassando o Japão, a Rússia e a Índia, acredito que em dois anos ultrapassem a Itália, começa uma mudança mais profunda na economia mundial.

O Capital precisa, neste novo ciclo, explorar de forma mais intensa estas novas economias, na sua luta de vida e morte pela recomposição da taxa de lucro, não existe Capital sem lucro. A face “desumana” que os países periférico tão bem conhecem é apresentada de forma letal na velha Europa, a inconclusa União dos estados, pagará seu preço. Aqueles que países que aderiram ao Euro, sem a mesma dinâmica Alemã, sentem o peso da desigualdade, se tornam presa fácil neste momento.

Populações inteiras, como as da Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda são submetidas a enorme desemprego e privações, para se ter ideia da tragédia o Natal Grego foi de compras 25%  menores que em 2010. As emigrações aumentam nestes países de forma dramática, segundo a EuroNews a situação vai se complicando:

“Segundo o instituto alemão de estatística, na primeira metade do ano, o número de imigrantes oriundos da Grécia aumentou 84% e de Espanha 49.

Para além da Alemanha, as novas rotas da emigração europeia dirigem-se para o hemisfério sul e a nova vaga de emigrantes é altamente qualificada.

Da Irlanda partiram este ano 50 mil pessoas. Já na Grécia fala-se de 11% da população e da fuga de mais de 9% dos médicos”.

Estes números demonstram que Alemanha, por conseguinte a velha Europa, tem pouca margem de manobra, o ataque que o Capital fará aos padrões de vida europeu será inescapável, sempre do meu ponto de vista, para este novo ciclo do Capital, estas novas economia darão a dinâmica, pois partem de padrão salarial diferente, consequentemente poderão ser favorecidos neste crescimento.

Basta vermos os números da renda per capita destes países comparadas às economias centrais. A saída será, em parte, para estes países, garantia de incorporar novas massas ao consumo, os salários menores e benefícios também são atrativos, além de possibilidade de realizar obras de infraestrutura em larga escala. Exceto Brasil, China, Rússia e mesmo Índia vivem sob um complexo sistema político pouco democrático, o que facilita imposição estatal a estes projetos.

Por outro esta realidade pressionará simultaneamente às velhas economias que se adequem aos novos tempos, não é a toa que os “tecnocratas” do Goldaman Sachs já atuam diretamente na Espanha(ministro da Economia), Itália e Grécia( primeiros-ministro) e na presidência do BCE. Os planos são os mesmo, corte de previdência, benefícios e corte nos gastos sociais.

Qual a reação dos trabalhadores na Europa/EUA? e nas “novas economias”? A luta de classes continua aberta…

 

 

 

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0 thoughts on “197: Crise 2.0: um novo ciclo se abre?”

  1. Brilhante, Arnobio! Tem um mundo novo aparecendo aí! Muito interessante esta vantagem do Brasil, um passo à frente dos demais Brics — se bem que o peso das nossazelitesbrancas é absurdamente grande, né? Elas são um atraso de vida, que provavelmente compensa as máfias russas, as castas indianas e o Estado autoritário chinês (fora as imensas populções de China e Índia, isso sim, na minha humirde, pode ser vantajoso pra nós; vamos ver!).

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