Arnobio Rocha Crise 2.0 Crise 2.0: O tamanho do Rombo

187: Crise 2.0: O tamanho do Rombo

 

 

“eu comporia um canto contra os homens.

Deles e de nós tem que dizer o longo Tempo”.

(Medeia – Eurípedes)



Esta semana tratei com menos intensidade a questão da Crise 2. 0, não que não tenha novidades, mas é para consolidar algumas análises mais de fundo, talvez um artigo de mais fôlego, se encontrar tempo. Estava quase fazendo uma ou duas matérias por dia, além de cansar a qualidade caí, por outra não quero virar este blog para resposta diária à crise, não tenho capacidade e tempo para fazê-lo.

Mas como tem tido fatos relevantes rolando. Primeiro vamos falar de uma coluna quase perdida no meio do caderno de economia da terça no Estadão, que sem cuidado não teria visto: “Ricos precisam de 10,5 Trilhões em créditos”.

Assim meio escondida a nota mais importante de economia. É isto mesmo que vocês leram:

 

  • 10,5 Trilhões de dólares
  • 20% do PIB mundial

 

Este assustador valor, segundo a OCDE, é quanto os países ricos precisará em 2012 para rolar suas dívidas, manter os investimentos e os serviços públicos em funcionamento.

Os valores aqui, vale lembrar, estarão em disputa, por esta soma, não apenas governos, mas também empresas e bancos. Com um agravante, as fontes de financiamento estão em franca retração, mesmo os juros em patamares elevados para alguns títulos de curto prazo, cada dia está mais difícil de rolar estas dívidas.

Governos da Alemanha, França e Itália, têm que resgatar ou renegociar 519 bilhões de Euros até 31 de março de 2012. O caso mais grave, sem dúvida é o da Itália, que apenas em Janeiro e Fevereiro precisará de 148 Bilhões de Euros. E olhando para o ano de 2012, 300 Bilhões. Mas o grande problema é que o valor de refinanciamento chegou aos 7%, para títulos de 10 anos e 6,89% para os de 6 meses. Numa palavra: Insolvência.

A França paga pouco mais da metade deste juros italianos, cerca de 3,8% (10 anos ) e 3,6% de 6 meses, mas mesmo assim são juros astronômicos, impensáveis para economias centrais. Outro dia li que o máximo suportado por um país em crescimento de 2% anual de PIB seria pagar juros de 1,5%, imaginem a Itália e França com retração do PIB, ou crescimento próximo a Zero.

O quadro da Alemanha, como vemos sempre repetindo, é de relativa calma, pois o desespero com a falência da periferia levou o “mercado” a comprar os títulos soberanos do país. Numa constatação forte, o fracasso de Portugal/Espanha/Grécia/Irlanda e agora Itália fez a “alegria” alemã. A velha máxima para onde o capital busca a sua atração principal, o Valor. Quem abandona Marx, jamais entende estas sutilezas, fica apenas na superfície do problema, vendo a “maudade” do mercado financeiro.

A nota da OCDE ainda fala que este valor de 10,5 Trilhões é o dobro do que era necessário em 2005 para esta mesma finalidade. Lembremos que em 2005 vivíamos em plena farra de crédito e de expansão da Economia Mundial.

Pelo que conseguimos avaliar, 2012 as emoções serão ainda mais fortes, as cortinas se fecham mais uma vez..

 

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