Arnobio Rocha Reflexões Conhece-te a ti mesmo (Post 121 – 75/2011)

122: Conhece-te a ti mesmo (Post 121 – 75/2011)

Gnóthi s ‘aftón – Γνώθι σ ‘αυτόν – Conhece-te a ti mesmo

 Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura” (Sérgio Magrão Letra – Milton Nascimento Música)

Às vezes tenho medo de ter me tornado apenas mais um conformado hipócrita da vida cão, perdido qualquer sensibilidade ou honra.  Apenas vivendo de forma pragmática, sem generosidade, ou qualquer réstia de pureza, aceitando os fados da vida como absolutamente normais e que nada mais posso fazer, a não ser, viver de forma medíocre, “conforme os costumes da época”.

Esta vida vil não enobrece minha existência, os mais altos ou baixos valores se confundem no meio da confusão, literária, política ou ideológica. Que exemplo de conduta vamos legar aos nossos filhos? Será que eles realmente querem algum? O que tenho feito neste espaço pode ser apenas uma tentativa desesperada de achar algo útil para os que nos acompanham quem sabe no futuro as minhas filhas percam tempo e leiam o que escrevi.

Outro dia escrevi sobre minhas Influências Literárias e políticas, uma espécie de retrospecto ou apresentação, mas tenho escrito tantos artigos intimistas que nem sei se houve repercussão efetiva do que estava tentando dizer. Insisto muito em mostrar como as coisas chegaram a mim, ou como busquei determinados caminhos, pode ajudar nos momentos de angustias, a avalizar como certo ou errado o que há por decidir.

Método de Escrever

Tentarei aqui dizer como é o meu método de escrever. Os textos sobre livros e obras que visito sempre, são frutos de antigo hábito de marcar os livros, fazer anotações e muitas vezes memorizar determinados trechos, páginas, que ficam ali pululando nos meus devaneios. Os textos gregos eu os li quase que seguidamente entre 91 e 94, e naquela época resolvi fichá-los, muitos escritos foram transportados ao blog de rascunhos à caneta. Procurei não mudar muito como os li e os entendi naquela época, até para saber quem eu era naquele momento da vida.

Devo confessar que tenho uma memória extremamente funcional, a literatura e principalmente o método, no sentido filosófico, foi essencial na minha atividade laboral, vários problemas complexos de software e análise problemas, foram resolvidos graças a esta racionalidade e visão abstrata de que há solução e saída para qualquer tema.

Quando decidi escrever o blog eu queria trazer estes livros ao debate, torna-los interessantes a quem nunca leu. Faço uma busca na memória que li os trechos, marcados ou não, com certa facilidade, quando preciso citá-los, ou buscar uma situação num determinado livro, em regra, não perco muito tempo em localizar, mais uma vez repito: O Google não é pai de toda obra, sem ter lido o livro você não chegará ao conhecimento.

Quando escrevo, geralmente é por demanda minha, não curto escrever nada a pedido de situação ou pessoa, escrevo quando tenho insight, na maioria das vezes tudo vem de forma única e direta, elaboração já resolvida na cabeça, os parágrafos, os temas, uma coincidência também em relação ao meu trabalho, tenho grandes insights dormindo ou quando tomo banho, muitas vezes saía de madrugada para o trabalho pois sonhava exatamente o que tinha que fazer. Agora no blog muitos textos são gestados de igual forma. A diferença é que não tenho a mesma urgência, espero acordar ou algumas vezes conservo por alguns dias o texto praticamente inteiro.

Escrever por “rajadas” têm seus problemas, o maior deles é o atropelo de palavras que acho que já escrevi e não o fiz, ou de ir em frente ao discurso sem pontuação, vírgulas. Ou vem tudo de uma única vez ou não saí muito legal, revisitar temas ainda tem sido complicado, em particular o literário, exceto o Prometeu Acorrentado, que é um dos artigos mais lidos, resolvi fazer uma parte dois, a primeira é de 1993 (O Prometeu Acorrentado – Resenha e Análise ) a segunda de 2011 ( O Mito de Prometeu e as Religiões ), são bem diferentes as perspectivas.

Talvez tenha encontrado no blog um caminho para romper com o destino inexorável da vida medíocre com suas eternas preocupações de pagar as contas e enfrentar o cotidiano do trabalho e das mazelas comuns que afligem a todos nós. Ainda não tenho certeza se realmente consegui atingir um ponto certo, mas que alivia a minha dor, nem que seja até o próximo texto, alivia sim.

É uma terapia, um encontro com algo longe eu perto, mas que diz muito de mim: Verdades, mentiras, vaidades, coragem, fraquezas, alegrias e tristeza…. Enfim humano. Ainda não me tornei um Avatar, ou um personagem de si, que tanto precisa do Anonimato, viver nas “sombras”.

“Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim”(Sérgio Magrão Letra – Milton Nascimento Música)

 Save as PDF

0 thoughts on “122: Conhece-te a ti mesmo (Post 121 – 75/2011)”

  1. “Escrever às rajadas” é ótimo! Chego a imaginar você teclando! Mas nada do que você faça ou deixe de fazer o transformará num “conformado hipócrita”! Impossível por seu passado e seu presente. E o futuro, como se sabe, é por eles determinado. Portanto…

  2. “Talvez tenha encontrado no blog um caminho para romper com o destino inexorável da vida medíocre com suas eternas preocupações … ”

    Prezado Arnóbio você é o cara! A Katia Figueira pediu a mim que escrevesse algo sobre o que é ser blogueiro para apresentar no BlogProgBaixada no px dia 8. Pensei mil coisas, mas nenhuma convenceu a mim, imagine se convenceria nossos pares.

    Bom, como amante da síntese, roubarei de vc essa construção: Ser blogueiro é andar por um caminho para procurar romper com o destino inexorável da vida medíocre.

Deixe uma resposta para Jorge RodriguesCancelar resposta

Related Post