Arnobio Rocha Política Manual de Trolagem segundo Shakespeare (26 – 16/2010)

27: Manual de Trolagem segundo Shakespeare (26 – 16/2010)

 

 

Troll : Internet x Folclore Escandinavo

I – Segundo a definição do Wikipedia de Troll na Internet:

“Um troll , na gíria da internet, designa uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas. O termo surgiu na Usenet, derivado da expressão trolling for suckers (lançando a isca para os trouxas), identificado e atribuído ao(s) causador(es) das sistemáticas flamewars e não os trolls, criaturas tidas como monstruosas no folclore escandinavo

O comportamento do troll pode ser encarado como um teste de ruptura da etiqueta, uma mais-valia da sociedade civilizada perante as provocações insistentes, as vítimas podem (ou não) perder a conduta civilizada e envolver-se em agressões pessoais. Porém, independentemente da reação das vítimas da trollagem, o comportamento do troll continua sendo prejudicial ao fórum, pois o debate ou degenera em bate-boca ou prossegue sendo vandalizado pelo troll enquanto este tiver paciência ou interesse de atuar”

( http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll_(internet) )

II – Porém na mesma Wikipedia temos o Troll como criatura do Folclore Escandinavo e segue na definição:

“Os trolls são criaturas antropomórficas do folclore escandinavo. Poderiam ser tanto como gigantes horrendos – como ogros – ou como pequenas criaturas semelhantes a goblins. Viviam em cavernas ou grutas subterrâneas.

Na literatura nórdica, apareceram com várias formas, e uma das mais famosas teria orelhas e nariz enormes. Nesses contos também lhes foram atribuídas várias características, como a transformação dessas criaturas em pedra, quando expostas à luz solar.

Características:

Geralmente os troll são descritos como criaturas humanoides, não muito inteligentes. Às vezes são descritos como gigantes nórdicos ou algo semelhante aos ogros, seus tamanhos variando a depender da história. Vivem pouco, até os 75 anos, e atingem a idade adulta aos 30 anos; não vivem em bando e são muito agressivos. Poucos conheceriam uma língua diferente da sua – otriolla mûn. Alguns são mais estranhos e raros, como os trolls do subterrâneo, que seriam menos inteligentes do que seus primos, porém mais fortes e agressivos, atingindo entre 2,35 m a 3,45 m de altura. Embora não considerados inteligentes, eram temidos, pois se acreditava que dominavam a arte da ilusão.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Troll )

Shakespeare e a arte de “trolar”com classe

Mas não fiquei satisfeito e resolvi contibuir para melhorar o nível da trolagem atual, cansado de ler as bobagens dos trolls contratados por Serra que se limita a difamar as pessoas, sem nem entender o que defendem, ou apenas repetir as fraseologias: Dilma Terrorista, versão nova para Lula Analfabeto, Trololó Petista(Trolagem predileta dita por Serra para qualquer coisa diferente do que ele pensa). Ou por fim intimidar jornalista para lhe impingir filiação partidária.

Diante disto peguei os trechos de maior trolagem da literatura que conheço: Hamlet. O príncipe dinamarquês finge-se de louco e  sacaneia um a um os seus “amigos” bajuladores e afins, sigam o que o mestre fala:

1)    Hamlet Trola Polônio (primeiro-ministro e puxa-saco real)

  • P0LÔNI0: É urgente; deveis ambos sair, eu vos
  • suplico. Vou falar-lhe.
  • (Saem o Rei, a Rainha e os criados.) (Entra Hamlet,
  • lendo.)
  • Como passa o meu bom príncipe Hamlet?
  • HAMLET: Bem, graças a Deus.
  • P0LÔNI0: Conheceis-me, milorde?
  • HAMLET: Perfeitamente; sois um peixeiro.
  • P0LÔNI0: Eu, não, milorde.
  • HAMLET: Pois quisera que fôsseis tão honesto.
  • P0LÔNI0: Honesto, príncipe?
  • HAMLET: Sim, porque do jeito em que o mundo anda,
  • ser honesto equivale a ser escolhido entre dez mil.
  • P0LÔNI0: É muito certo isso, príncipe.
  • HAMLET: Porque, se o sol gera vermes no cadáver de
  • um cão, carniça muito bela para ser beijada…
  • (…)
  • P0LÔNI0: Vou falar-lhe outra vez.
  • Que é que o meu príncipe está lendo?
  • HAMLET: Palavras, palavras, palavras…
  • P0LÔNI0: A que respeito, príncipe?
  • HAMLET: Entre quem?
  • P0LÔNI0: Refiro-me ao assunto de vossa leitura,
  • príncipe.
  • HAMLET: Calúnias, meu amigo. Este escravo satírico
  • diz que os velhos têm a barba grisalha, a pele do
  • rosto enrugada, que dos olhos lhes destila âmbar
  • tenue e goma de ameixeira, sobre carecerem de
  • espírito e possuírem pernas fracas. Mas embora,
  • senhor, eu esteja íntima e grandemente convencido
  • da verdade de tudo isso, não considero honesto
  • publicá-lo; por que se pudésseis ficar tão velho
  • quanto eu, sem dúvida alguma andaríeis para trás
  • como caranguejo.
  • POLÔNIO (à parte) – Apesar de ser loucura, revela
  • método.
  • Não quereis sair do vento, príncipe?
  • HAMLET: Entrar na sepultura?
  • POLÔNIO: Realmente, desse modo sairíeis do vento.
  • (À parte.) Como são agudas, não raro, as suas
  • respostas! É uma felicidade da loucura, algumas
  • vezes, felicidade que a razão e o bom senso não
  • alcançam com a mesma facilidade.
  • (…)

  • P0LÔNI0: Passai bem, meu príncipe. (Retirando-se.)

  • HAMLET: Esses velhos cacetes e sem miolo!

2)    Hamlet Trola Rosencatraz e Guildenstern

  • ROSENCRANTZ: A quê, meu príncipe?
  • HAMLET: Que eu possa guardar o vosso segredo e
  • não o meu. Além do mais, ser interrogado por uma
  • esponja! Que poderá responder-lhe um filho de rei?
  • ROSENCRANTZ: Tomais-me por uma esponja,
  • príncipe?
  • HAMLET: Sim, senhor, que chupa os favores, as
  • recompensas e a autoridade reais. Aliás, semelhantes
  • cortesãos prestam ótimo serviço ao rei, que procede
  • com eles como o macaco, conservando-os por algum
  • tempo no canto da boca, antes de engoli-los. Quando
  • tem necessidade do que acumulastes, basta
  • espremer-vos, para que, esponjas, fiqueis novamente
  • enxutos.
  • ROSENCRANTZ: Não compreendo o que dizeis,
  • senhor.
  • HAMLET: O que muito me alegra. As sutilezas
  • dormem no ouvido dos parvos.
  • ROSENCRANTZ: Príncipe, dizei-nos onde está o corpo
  • e acompanhai-nos à presença do rei.
  • HAMLET: O corpo está com o rei, mas o rei não está
  • com o corpo. O rei é uma coisa…
  • GUILDENSTERN: Uma coisa, príncipe?
  • HAMLET: …de nada. Levai-me à sua presença.
  • Esconde-te, raposa! Um atrás do outro!

3)    Hamlet Trola Osrico

  • HORÁCIO: Basta. Vede quem vem chegando.
  • (Entra Osrico.)
  • OSRICO: Vossa Alteza é muito bem-vindo à
  • Dinamarca.
  • HAMLET: Humildemente vos agradeço, meu senhor.
  • (À parte, a Horácio.) Conheces esse mosquito?
  • HORÁCIO: (à parte, a Hamlet): Não, caro príncipe.
  • HAMLET: Tanto melhor para a tua salvação, porque é
  • vício conhecê-lo. Possui muitas terras e todas férteis.
  • Se fosse animal o rei dos animais, a manjedoura
  • deste ficaria sempre ao lado da mesa do rei. É um
  • bisbórria, mas, como disse, dono de grandes
  • extensões de lama.
  • OSRICO: Meu doce senhor, se Vossa Alteza dispuser
  • de tempo, farei uma comunicação da parte de Sua
  • Majestade.
  • HAMLET: Recebê-la-ei com a máxima atenção. Usai
  • vosso chapéu de acordo com a sua finalidade; foi
  • feito para a cabeça.
  • OSRICO: Agradeço a Vossa Senhoria; mas faz muito
  • calor.
  • HAMLET: Ao contrário, podeis crer-me; faz muito frio;
  • é vento norte.
  • OSRICO: Realmente, príncipe, está fazendo bastante
  • frio.
  • HAMLET: Conquanto me pareça que o tempo está
  • abafado e quente para a minha compleição.
  • OSRICO: Sim, não há dúvida, algo abafado, de certo
  • modo… Não sei como me exprima. Mas, senhor, Sua
  • Majestade me incumbiu de comunicar-vos que
  • apostou uma grande quantia sobre vossa pessoa. O
  • caso é o seguinte…
  • HAMLET: (concitando a cobrir-se): Peço-vos, não vos
  • esqueçais…
  • OSRICO: Deixai, meu caso senhor; estou à vontade.
  • Mas senhor, Laertes chegou à corte há pouco tempo;
  • um cavalheiro, podeis crer-me, na acepção lata do
  • termo, com excelentes qualidades, boa presença e
  • conversação agradável. De fato, para falar dele com
  • toda a propriedade, é a carta ou almanaque da
  • cortesania, por encontrar-se nele a súmula de todos
  • os dotes que pode um gentil-homem ambicionar.
  • HAMLET: O seu elogio nada perdeu em vossa boca,
  • conquanto eu saiba que se fôssemos fazer um
  • inventário de suas qualidades, padeceria a aritmética
  • da memória sem que na rota em que ele vai se
  • observasse a menor guinada. Para exaltá-lo com toda
  • a sinceridade, considero-o um espírito muito aberto,
  • com dotes tão preciosos e raros, que, para tudo dizer
  • em uma só palavra, igual a ele, só poderá encontrar
  • em seu próprio espelho. Qualquer outra tentativa
  • para retratá-lo redundaria em sua simples sombra.
  • OSRICO: Vossa Alteza fala com convicção.

Quem sabe os Trolls do Serra e ele próprio melhorem na “arte”, melhorem o nível da parolagem insana, de tentar desqualificar os adversários com adjetivos tão baixos e com pouca inteligência.

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0 thoughts on “27: Manual de Trolagem segundo Shakespeare (26 – 16/2010)”

  1. Bravo! Realmente, o que falta aos trolls de aluguel é uma certa “elegância do pensamento”. Aguardemos, pois, que façam uma leitura atenta de Hamlet e passem a se portar como humanos (coisa muito difícil para um troll, não é mesmo?).

  2. É isso que dá ser Partidário??
    A Palavra Partido significa DIVIDIDO! E,tudo o que está dividido aos erros está sujeitado!INTEIRO sim seria “o justo” para Nossa Nação!O que falta no nosso País é:- Verdadeiros Patriotas!Não um bando de ignorantes que se agridem mutuamente, e longe da Razão consciente vão traçando o Nosso Futuro!E as massas acompanhantes desses tantos atos dissemilhantes,procurando sempre do Tardar..oo Antes…as ganâncias satisfazer!!!AH meu amado País /Pudesse mesmo a Política /Sem a poli da Ética/Mostrar a Estética da Real Fundição.Daí, Meu querido Rincão ,estaria então previsto/A luta sem riscos e a Virória da Naçao!
    É mas parece que tudo isso é um sonho…E este meu querer,enfadonho?-
    Não! Seria a mão que componho uma das alavancas!Um Mastro da Real Bandeira e para sempre seria esquecido TODA ESSA SUJEIRA!!!

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