Arnobio Rocha Política “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Post 165 – 44/2010)

22: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Post 165 – 44/2010)

Outro dia no twitter debatemos sobre a questão do Irã, em relevo a questão do apedrejamento, pude notar o senso comum arraigado, imposto e difundido. Muitas vezes não nos damos o trabalho de reflexão, e apenas repetimos as frases feitas e os preconceitos estabelecidos. Óbvio que não concordamos com o apedrejamento ou qualquer forma de pena de morte, ainda em vigor em muitos países, inclusive os EUA e China, não havendo qualquer diferenciação ideológica na aplicação da pena.

Mas por que a questão do apedrejamento virou foco central? É que, quem acusa o Irã, é um país que jamais viola os Direitos Humanos, ou por acaso os Americanos não matem Guantánamo e até outro dia tinha Abu Garabi? como somos civilizados, né?

Mas a civilização ocidental faz bem pouco tempo queimava as “bruxas” em fogueiras para que purgassem seus pecados. Ou quantos silêncios obséquio impôs o Santo Ofício? Galileu, Giovanni Bruno(acabou queimado por recusar o silêncio), recentemente Leonardo Boff foi proibido de ensinar ou dar palestras como forma de mater silêncio sobre a Teologia da Libertação. Mas saudamos com justiça o heroísmo de Salman Rushdie por enfrentar a fúria dos aiatolás.

Porque presidente do Irã é o monstro da vez e Bush/Obama são heróis?ok, eles matam “terroristas” e “protegem” o mundo “Livre”. Por que para cada morto no WTC EUA matou 100, na imensa maioria execução sumária, e não vejo indignação do Serra e seu acólitos da mídia?Quantos milhares de iraquianos e afegãos estão sendo mortos por não aceitarem presença americana e só temos o silêncio ensurdecedor?

Algumas observações sobre a surrada tática de criar “demônios” e eixos do mal:

1)Demonizar é uma arte típica dos cristãos, o daemon não tinha esta conotação na Grécia/Roma antiga,aliás Hades/Infernum( a mansão dos mortos) era apenas um plano na cosmogonia Greco-romana;

2) No prórpio “Credo”,está escrito que Jesus desceu  “Mansão dos mortos”(hades/Infernum), mas nós cristãos resolvemos criar o medo,o demônio,pecado e a culpa;

3)pós-Cristo,houve sincretismo religioso,absorvemos cultos pagãos e “aprofundamos” a noção de culpa e pecado,e a prática maniqueísta do bem/mal;

4)Desta cultura religiosa trouxemos para vida privada e amplamente nas relações sociais e políticas.Demonizem seus “inimigos” mais fácil destruí-los,virou norma comportamental e regra política;

5) Assim fizemos na idade média com os judeus,com os mulçumanos. Depois com os reformistas, hereges e qualquer um que ameaçasse a nossa fé católica em cristo;

6) Hitler usou sua máquina para demonizar e dizimar os judeus, ciganos,comunistas;

7) Americanos hoje apenas usam deste artifício “pedagógico”para identificar o “mal. Reagan cunhou a frase do “Império do Mal”sobre a combalida URSS;

8) Hoje Osama Bin Laden é o mal,em 1980 era um príncipe herói financiado pela CIA para destruir o “Mal” do império Soviético;

9) Saddam foi também herói em 1980, recebeu armas e suporte para fazer guerra ao “Mal”: os iranianos dos Aiatolás(com poder sob o “nosso” petróleo);

10)Puxa em 1991 Saddam virou “Mal”,já não nos serve mais no Iraque.

Será q somos tão tolos assim?Os inimigos dos USA são também os nossos inimigos, por quê?

Teria ainda dezenas de exemplos desta manipulação desta demonização como forma de luta na história, mas na sociedade de ampla informação não podemos aceitar estas coisas sem pelo menos questionar.

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0 thoughts on “22: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Post 165 – 44/2010)”

  1. Arnóbio, acho complicado misturar alguns pontos.

    Primeiramente, é óbvio que essa discussão acerca do Irã está ainda mais acirrada no Brasil por questões políticas. Frases como “olha só com quem o Lula está estreitando relações”, “olha que absurdo o Brasil cogitar ter qualquer convívio com um país que mata mulheres à pedradas e constrói bombas”. Assim, penso que a sentença da Sakineh é apenas um pretexto de muitos para atacar questões e decisões brasileiras. Principalmente em época de campanha…

    No entanto, não acho que em uma situação como essa deveríamos ficar apontando outros vilões, principalmente se eles estão em outro país. O Brasil mata diariamente inúmeras mulheres que, assim como Sakineh, sofrem abusos domésticos. No entanto, parece que isso é menos grave, não sei. Nunca vi nenhum abaixo-assinado ou choque por alguma esposa espancada, cortada ou queimada pelo marido. No máximo, pesar. Enfim, o que quero dizer é que se for para buscarmos mais carrascos, não precisamos recorrer aos EUA, podemos encontrar aqui mesmo, todos os dias. O exercício de encontrar o vilão parece estar presente em qualquer lugar, inclusive em nós mesmos, em nossos blogues. Mas ainda acho que o ponto não é esse.

    Não se anula passar por cima dos direitos humanos pelo fato de existir ações análogas em outros locais ou épocas. Isso não tem a ver com cultura, tem a ver com um processo civilizatório que, SIM, é melhor do que antes, principalmente para mim que sou mulher. Posso até ser agredida por um pai ou marido, mas tenho a possibilidade de me fazer ouvir e reagir a isso. Antes não. Antes, sequer iríamos ouvir falar na Sakineh. Antes, TENHO CERTEZA ABSOLUTA QUE EU IRIA PARA A FOGUEIRA. Hoje não. Pelo menos, não literalmente. Rs… Eu topo discutir os abusos norte-americanos, a imposição da cultura do ocidente, o preconceito que temos com o país irmão. Mas aí, é em outro lugar. Não para dizer que fulano não pode atirar pedras, uma vez que também assassina os outros.

    “Que atire a primeira pedra quem não tenha pecado” é um ensinamento valioso por demais. Tenhamos cuidado para que ele não sirva para que paremos de questionar, pelo fato de errarmos cotidianamente.

    No mais, parabéns pelo blog. Adoro!

    Um abraço,

    Gisele Jota

    1. Gisele,

      Muito obrigado pelo comentário, o sentido do post é provocar e perceber que no fundo este debate só se dar por puro interesse político-ideológico americano, que estão se lixando para o destino desta ou de qualquer outra mulher,que não seja americana. Porém toscamente ficamos repetindo nosso pesar sem refletirmos o que está por trás de tudo isto.

      Para nossos olhos ocidentais o que eles fazem lá é uma barbaridade não só com a mulher, mas sob qualquer aspecto,o que acho profundamente equivocado.Basta ver que a questão das armas nucleares os USA proliferam-nas e entregam-nas aos seus “aliados” e quer submeter proibição aos outros com que direito?

      Mas o intuito é debater mesmo

      abraços

  2. Oi sou eduardolm17 do twitter, lembra que discutimos bastante sobre Lênin e a revolução russa?
    Eu criei uma rede social sobre o comunismo e gostaria muito de sua participação, por favor me ajude a divulgar a história do comunismo.

    Aqui está o link http://comunistas.spruz.com/

  3. Nós, brasileiros patriotas, desejamos um Brasil livre de corrupção. Um Brasil em que os nossos políticos trabalhem dentro de princípios éticos e de honestidade.

    Desejamos um Brasil com justiça social para todos. Por este motivo não é possível votar pela continuidade do governo mais demagogo e mais corrupto deste país.

    Votar em Dilma é votar no retrocesso. É votar na continuidade da mentira, da demagogia, da roubalheira, dos mensalões.

    Diga SIM a um país soberano e ético que trate seus cidadão com dignidade. Diga Não a Dilma Rousseff.

    1. Amigo ou vc é doido ou desinformado… O DEM, partidos dos demônios, o mesmo do governador de Brasília… tá lembrando… vou falar só mais uma coisa … Lembra da Vale do Rio Doce … em 3 meses depois da privatização já tirou o dinheiro da compra. Vá estudar, vá se informar e depois começe a comentar aqui. Ah! Vc em quem vc quiser, voto é livre e deveria ser consciente.

      Abraço.

  4. Gisele Jota,

    Parabéns pelo comentário, perfeito a forma como vc separou os pontos, mas no mundo é tudo junto e misturado.
    Mas vamos aos questionamentos, primeiro, o fato cultural do Irã deve ser levado em conta, mas para nós brasileiros o adultério é um “direito” e que não há punição legal para o ato, lá no Irã é lei e a pena é o apedrejamento com aval do governo. Aqui no Brasil, o que ocorre é que mulheres são assassinadas em várias circunstâncias, mas o governo é contrário independe do que a mulher tenha feito, do contrário os agressores e/ou assassinos são punidos, não sou jurista e entendo que a pena é mto branda. O governo francês proibiu o uso da burca como forma de proteger as mulheres, mas foi criticado por mtos e elogiado por outros. O que Lula fez foi um grito de protesto em favor das mulheres do mundo, mais liberdade, mais direitos, mais justiça e, acima de tudo, mais igualdade.
    Não vou entrar no discurso político pois minha opinião é parecida com a dos dois comentaristas.

    Abraço e continuem nos provocando.

    Herlon Lopes

  5. “Ainda que a figueira não floresça,
    nem haja fruto nas vides;
    ainda que falhe o produto da oliveira,
    e os campos não produzam mantimento;
    ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado.
    Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.”

    Habacuque 3: 17e18

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